sábado, 30 de junho de 2007

Aversão a automóveis

O título acima sintetiza o que eu penso sobre carros. Veículos poluentes sobre 4 rodas que o homem julgou essencial ao longo do tempo. Tenho minhas dúvidas.
Sei que quem não vê os veículos como eu vejo vai arranjar mil motivos pra dizer que são úteis. E eu, como argumentador chato e persistente que sou, encontrarei mil e um!
Pelo menos nas grandes cidades hoje é cada vez mais fácil se locomover com transportes coletivos. É verdade que volta e meia são cheios e param no trânsito também. Mas veja bem, um ônibus polui bem menos que um carro e transporta dez vezes mais pessoas que um carro. Imaginem se todos largassem seus carros e trocassem por ônibus e metrô em São Paulo. Tenho certeza que aumentaria a frota de ônibus rapidinho e as linhas do metrô teriam financiamento bem mais rápido para serem ampliadas... E eu só usei dois argumentos até agora.
Então falemos dos carros: são tão vilões para o aquecimento global os carros Brasileiros quanto as indústrias chinesas. Tirando a poluição [para não dizerem que sou fanático por preservar o planeta, sou mesmo porra!], temos vários outros poréns. Trânsito é barulhento, só tem gente doida, estressada, intolerante e cada motorista se acha mais piloto que o próprio Michael Schumacher. E como eu tenho alergia a hipocrisia isso tudo me deixa muito puto da vida [resolvi falar português bem claro nesse texto, azar...]. E tem mais: as pessoas me estranham de uma maneira extraterrestre se eu falo que não gosto de carros, não tenho intenção de pegar um e muito menos de aprender mecânica [argh], pra não falar que perdi parente em acidente de carro e que sempre me virei com ônibus e metrô, e por isso mesmo dirigir é algo tão inútil pra mim quanto blockbusters hoolywoodianos [esperem que ainda vou falar sobre cinema em uma crítica próxima].
Agora a pressão é cada vez maior. A gente vai ficando mais velho, os parentes cada vez 'cobram' mais o fato de eu não saber dirigir, e tudo isso incomoda muito. Agora mais ainda depois do enfarte do pai, já me oferecem a carta e até aulas em auto-escola especializada pra pessoas com 'receio' de dirigir. Porra, eu não tenho receio, eu detesto carros mesmo!! Do fundo da alma, eu amaldiçôo o infeliz que inventou o automóvel. Blábláblá de progresso e desenvolvimento da indústria eu não engulo, o mundo seria um lugar muito melhor se não fosse esse cara. Aliás é melhor eu nem procurar saber quem é...
Tenho profundas esperanças que no futuro os carros não poluam mais. Sonho meu né?
E aliás, eu passei a adolescência toda [que é a época de frisson pra pegar o carro do pai ou da mãe] sem querer encostar nos mesmos, não vai ser agora que eu vou querer. Se um dia eu fizer isso, por favor anotem, será por obrigação e não por vontade. E eu admitirei eternamente que sou um e.t., e com orgulho! Ainda bem que as pessoas são diferentes, porque assim posso exercitar meus hábitos argumentativos [que me tornam persona non grata em vários círculos sociais]. Mas isso não muda o fato de que carros são malignos e dominarão o mundo. Anotem!

Rumo ao sul

post scriptum...
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[diário de viagem de um louco]...
Epílogo


E o que ficou? Esta seria a pergunta que ficava martelando na cabeça nos meses seguintes, pelo menos nos quatro ou cinco... Logo depois da volta tudo mudou, virou de pernas para o ar. Os dias que se seguiram passaram penosos, o aniversário chegou, a sensação de ficar mais velho só piorou as coisas... Encontrando-se em uma encruzilhada a solução é tomar o caminho mais lógico, e seguir...
E seguindo os dias foram passando, as semanas, os meses... Os estudos voltaram a ser importantes, ocupando o tempo e até mesmo divertindo. Mais tempo passando, mais amizades, mais distração... A cura se faz por si próprio.
Muitas das palavras que seguiram de ambos os lados seriam motivo de arrependimento depois, mas nessas situações o melhor é falar, gritar, brigar com o mundo para pedir desculpas depois. É assim que as coisas funcionam e as relações se fortalecem. Agora eu sei bem...
E mais meses se passando, chega o momento de expor as idéias, transmitir os pensamentos pra que, quem sabe, eles semeiem algo em alguém. E que idéia melhor que um diário de viagem?!
Então dedos no teclado, vasculhando a mente [as vezes com ajuda do I-doser] para lembrar de cada detalhe de cada dia... E tudo foi fluindo... E a aprovação que eu mais precisava, eu tive... Ótimo, tenho que fazer disto o melhor possível!
E passados todos os sentimentos que prejudicariam minhas conclusões, o que posso lembrar, e dizer, são as memórias de um jogo do México deitado numa cama com pessoas rindo ao meu lado, das mãos dadas o tempo todo, das dezenas de amigos e pessoas inesquecíveis que pude conhecer, quando cheguei a pensar um dia que nunca chegaria até lá, do frio diferente do daqui, das longas caminhadas e do conhecimento que tudo aquilo me trouxe, da independência de estar, pela primeira vez, andando com as próprias pernas, lembranças de um jogo do Brasil acompanhado de pizza e muita zoação, das diversas casas que conheci e me receberam como se eu fosse dali, do nascer do sol refletido no Guaíba no dia da chegada, bem como os pilares da ponte que denuncia a chegada a Porto Alegre se aproximando na chegada e ficando pequenas e distantes na partida...

Escrivaninha update




pedras novas: Amor, Boa sorte, Deus, Proteção, Saúde.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Reinventar [?] -parte 1

Aparte da propaganda do banco que utiliza a palavra do título como um belo enfeite para seus propósitos mercantilistas, o ato de se reinventar hoje é mais que necessário, é vital. Reinventar hábitos, mudar velhos costumes, olhar pra frente com tons de preocupação sobre o que vamos deixar de herança pro nosso planeta e para nossos descendentes.
Explico: pode ser só eu [tomara que não], mas antes mesmo de ter um enfarte na família eu já me preocupava ligeiramente sobre hábitos alimentares, reciclagem de materiais [e ambos estão atrelados], transmissão de conceitos e hábitos de infância pra minha sobrinha, que vai encarar um planeta muito severo, sem demagogias.
Isso de se preocupar com alimentação, 'levar uma vida mais light', há pouco tempo era visto como uma grande frescura. Hoje ainda algumas pessoas insistem em pensar assim e ignorar os avisos que o nosso planeta "chapado e aquecido" nos manda. Eu quando parei de consumir carne vermelha tinha a intenção de me reeducar, e na época com meus 20 anos +/- eu sabia que isso seria muito difícil. Sempre achamos. Fui gradativamente cortando, me sentia melhor por não contribuir pro aumento de CO2 na atmosfera, além de evitar a morte de alguns bois...
Depois veio o leite. Dava azia, não me caia bem pela manhã. Foi duríssimo cortar isso pra quem chegou a beber 1 litro de leite por dia no fim da adolescência. Sem carne e sem leite, passei a tomar muito mais água. Resultado, esses dois não me fizeram falta e a água deu uma equilibrada no organismo. Aí começou o pensamento de 'reciclar'.
A prefeitura havia implantado a coleta de materiais recicláveis, alternando com os dias de coleta do lixo orgânico. Resultado?.. Acho que não muito bom, porque a coleta reciclável logo parou. Porque as pessoas não ligam de jogar no mesmo saco de lixo uma caixa de leite ou um bagaço de laranja. Todos pensam que lixo é lixo e isso não fará diferença.
Como somos tolos.
Então em casa começamos a separar o reciclável mesmo assim, pois sempre passam catadores de papel e objetos recicláveis antes da coleta passar. Estamos ajudando pessoas que vivem disso, ajudando a natureza e ajudando a colocar o devido lixo no devido lugar. Isso todos deviam fazer...
Ultimamente isso me veio a cabeça de uma outra forma. Quem passa e recolhe este lixo sabe dos hábitos alimentares de toda uma família. E deve pensar "como esse povo consome!" E é isso mesmo, somos consumistas ao extremo, frutos de nossa época.
Depois então da carne e do leite, o próximo passo... Gorduras. Uma parte fácil, pois cai mal no fígado. Troquei então por fibra alimentar. Muito pão integral, verduras, até legumes -que eu detestava- e meu organismo agradeceu e passou a ter, pela primeira vez, um relógio interno. Vejam bem, melhorias requerem esforços. E esforços dependem da força de vontade de cada um.
Passados então os alimentos gordurosos, algo que era inimaginável. Bebida alcoólica. Afinal, depois de alguns anos de exagero o organismo também dá seus sinais. Difícil, mas surpreendentemente... Nada impossível! E os meses vão passando, falta não faz, e quando houver alguma ocasião realmente especial, com muita moderação posso até provar.

E pra não perder o fio da meada dividi este texto em dois textos, na verdade. A dificuldade de formular um formato para algo que estava na minha cabeça há muitos dias é grande, e ainda não o encontrei. Portanto neste primeiro eu discuti alimentação e reciclagem. No próximo vem os conceitos morais e transmissão de experiências para a próxima geração. Se algo faltar eu faço um terceiro com a conclusão!

Rumo ao sul

Agora, os últimos dias...
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[diário de viagem de um louco]...
parte final


O domingo era dia de formatura de alguns conhecidos. Tarde cinzenta, talvez solidária aos meus sentimentos, agora que me acostumava e já teria que deixar tudo pra trás. Vestido mais formalmente, pé na rua até a casa dela para irmos juntos. Lá chegando, retoques finais em sua maquiagem e algumas fotos das quais me orgulho...
Para o teatro, aonde eu conhecia muito poucos dos que lá estavam. Mas era a hora de 'não agitar' tanto quanto nos últimos dias. Mais observei do que falei, tentei deixar todos o mínimo desconfortáveis possível, já que era um estranho no ninho. Acho que consegui.
Terminado aquele momento de alegria -que tenho de reconhecer, deve mesmo ser muito celebrado- andando então até o Q.G., ficando algumas horas por lá, na companhia de séries de tv e daquela certa melancolia de domingo a noite, agravada por ser a véspera da partida.
Horas passando. Agora eram escassas. Até chegar perto da meia noite e combinar o dia seguinte.
No hotel, recolher as coisas, arrumar a mala. Ligação pra casa. A gripe que me acompanhou a semana toda ainda é forte. Mas tudo agora são pormenores. A cabeça já pensa automaticamente no 'daqui pra frente'... Incerto, talvez. Esperança, muita!
E como um autêntico presente de despedida, o sol vem se despedir também. Brilha como em nenhum dos 8 dias anteriores. O dia é quente, isso ajuda.
Chegando lá para se despedir, uma surpresa. Um presente muito doce, literalmente. O gosto posso até esquecer, mas o gesto, as palavras e os votos... Jamais. Foi mais que uma peregrinação, foi auto-ajuda.
Até a cidade então para comprar a passagem de ônibus. No caminho, o presente da segunda-feira anterior veio como uma despedida. E como na segunda anterior, alguns momentos no banco da praça, pra dar uma vista geral daquilo.
Quase não consigo a passagem, que sorte. 19 horas parto, 23 horas o vôo... Dá tempo de voltar, comer algo rápido, passar no hotel, fazer check-out e pegar a carona até a Rodoviária. Tempo em cima.
E alguns breves momentos de despedida, agradecimentos por tudo. Um abraço, mais algumas curtas palavras, uma promessa que mesmo agora não perdeu o efeito e a janela do ônibus. A cabeça pensa "diga até mais, mesmo se for adeus..." mas o sentimento é o oposto. É a certeza de ter deixado algo por ali, ao passo que também levava comigo.
Estrada a noite, os pensamentos são leves, o sono chega. Logo é Porto Alegre e meu roadmovie está quase completo.
Aeroporto, check-in, telefonema pra cá, telefonema pra casa, pronto. Espera e embarque. Assento perto da turbina, dor de cabeça, aterrissagem, Guarulhos. Taxi, casa, 2 a.m, banho e cama. Fim.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Rumo ao sul

Antes, a madrugada que apenas começava...
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[diário de viagem de um louco]...
parte 7


O frio era de gelar os ossos. As dezenas de cartazes nas mãos indicavam que viriam boas horas pela frente, e o melhor a fazer era espalhá-los nos pontos onde mais chamassem a atenção. Então quase todo poste de quase toda esquina da cidade naquela noite tinha o cartaz da festa do dia seguinte colado. Ao longo do caminho muita conversa e risada pra espantar o frio. Até luva nas mãos era necessário. E as horas iam passando lentamente, ao contrário dos nossos passos rápidos e apertados. Madrugada adentro, por mais fria que fosse era mais uma das inesquecíveis...
E novamente já passava das 5 da manhã. Dia amanhecendo, hora mais fria! Ao término, as tradicionais caminhadas até o Q.G. mais decisões acertadas para o dia seguinte, o dia D.
Volta para o hotel congelando de frio e umidade... Acordar, só lá pra Dez.. Digo, 2 ou 3 da tarde!
Feito então, acordar, almoçar, ir para o Q.G. ajudar a opinar [leia-se 'dar palpite'] na playlist dos dj's e donos da festa... Então tudo quase pronto, levam os equipamentos pro local, cada um pra suas casas se arrumar, e eu para o hotel ver se as pilhas carregaram, escolher o casaco da noite e sair. Acho que escolhi uma blusa muito fina...
Passando pela porta, algumas pessoas bebendo antes de entrar, dou um pulo lá dentro pra ver como estão as coisas. Dali um pouco as músicas começam a tocar e todos entram. Música boa faz isso sozinha! Que comece então, a festa tão esperada!
A partir daí os tragos ajudam a entrar em transe e todos se animam, o local se torna quente, alguém me revela uma agradável surpresa... Tudo vai maravilhosamente bem.
E as horas passam, os dj's se alternam e mesmo com algumas pessoas mugrando no meio da madrugada, a chuva torrencial chega lá fora, trás todos novamente pra dentro e aquilo tudo se infla novamente. No meio de tudo os flashes registram tudo o que for possível e as pilhas que não carregaram deixarem. Pausas pra descansar, beber um gole, e recomeçar. Madrugada adentro...
Tão adentro que o dono do local quer fechar. Um desentendimento que quase acaba com a noite e muda os planos para as festas futuras. Talvez mudar seja bom, mesmo eu não estando mais aqui...
Na saída, um pouco de nervosismo, natural pelos acontecimentos. Devia estar uns 3 graus, mais a garoa fina, imaginem a sensação... No meu corpo uma camisa de gola e uma blusa tão fina quanto café mal feito! Isso porque o casaco eu tive que passar a outra pessoa, tremendo ao mesmo tempo de frio e de nervosa. E apesar de congelar novamente ali, estranhamente eu não tremia. Até hoje não sei dizer porque...
Mas, para fechar a noite, a devolução do casaco, e algumas palavras balbuciadas no calor da noite fria e da emoção... Talvez certas, talvez na hora errada. Só o tempo diria. E disse. Demorou, claro, mas este diário não existiria se aquelas palavras naquele momento fossem completamente nulas...
Volta pro hotel então. Agora sinto realmente que as horas passam rápido e que o fim da viagem está perto. Apenas mais uma noite e dois dias...


[continua...]

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Incursão Hospitalar

Não há escolha para estar neste lugar. As vezes as coisas acontecem pra nos lembrar de que nossos belos e singelos corpos também são ao mesmo tempo muito frágeis. Após o susto inicial de um enfarte, exames, mais exames, UTI, e finalmente o quarto. Segunda tem o cateterismo. Depois disso, se tudo estiver bem, observação, quarto normal e casa. E a partir daí, vida nova...
Primeira noite como acompanhante. Dormir é o de menos, existem outras preocupações em mente. Felizmente o pior passou e agora é esperar. Cochilo na poltrona, paciente tomando remédios, desço à lanchonete beirando 1 da manhã pra comer algo. Passeando novamente por corredores de hospital, não tem como não vincular as lembranças... Um lanche, água, e café. 1 da manhã e café?.. Ah, comigo não faz efeito mesmo!..
Então de volta ao quarto. Paciente com sono, ajudo a subir na cama, repouso. 1 da manhã e dormir?.. Não vou conseguir de jeito nenhum... Então livro debaixo do braço, garrafa d'água na mão e o sofá da Enfermaria está estrategicamente ali perto do quarto. Ficarei lá então. Sentado, livro em mãos... E os minutos passam até que rapidamente. Sono dá sinais, mas não suficientes pra uma noite. 2 horas de leitura, passear um pouco então?
Livro na mesinha, paciente dormindo bem. Pego a blusa e vou dar minhas voltas então.
Corredores de hospital. Quase sempre iguais, largos, com quartos dos dois lados e a Enfermaria no final do corredor. Tudo aqui tem tons de verde, deve ser por isso que gostei... Hospital agradável, bem construído, pessoal atencioso... Estamos tranqüilos quanto a isso, felizmente. Corredor vem, corredor vai, hospital é sempre frio de madrugada. Vestir a blusa então. Não há muita coisa pra se ver quando há muitas entradas 'restritas para funcionários' e você não é mais um funcionário... E as lembranças são das madrugadas voluntárias que passei em outro hospital, onde todas as entradas eram permitidas, os corredores todos conhecidos e o ambiente hospitalar era mais como uma casa do que trabalho, propriamente dito. Lembrança de tudo, dos óbitos, dos procedimentos... Saber o que vai acontecer em seguida nessas horas é muito bom.
Parando na recepção central, onde já estive naquele outro lugar, sento em uma das cadeiras vazias daquele horário. Por ali só 2 recepcionistas e um ou outro funcionário que passa pra espantar o sono da noite. Na tv um filme duvidoso mas interessante... Acompanhar até o fim, então...
Filme terminado, já passa das 4. Melhor tentar deitar.
E as 7 estamos de pé. Quem disse que era uma excursão?

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Rumo ao sul

Antes, a madrugada que não acabou...
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[diário de viagem de um louco]...
parte 6


E continuavam todos andando rumo a avenida. Conversas, risadas, bebidas... Tudo ali era embriagante e dava vontade de ficar por ali por mais tempo. No caminho iam se juntando mais pessoas ao grupo, que logo tinha mais de 10 pessoas. Até, então, pararem todos estrategicamente ao lado de um boteco, ficando alguns sentados perto pra esquecer do frio, e outros em pé, conversando e bolando teorias para também esquecê-lo...
E as teorias sobre o mundo e as músicas Gessingerianas também faziam mais sentido que nunca. Tudo fazia. O frio é apenas um mero detalhe, tudo aqui está agradando...
Cerveja pra uns, canha pra outros... Isso é forte pra mim, socorro! Dou umas bicadas e já me sinto mais quente, mas não posso continuar... Risos por toda a parte...
Então um beijo com gosto de cigarro, canha e refri... Isso eu jamais esquecerei....
Vida a fora, noite a dentro
, as horas vão passando, alguns mugrando, outros se animando ainda mais... O dia seguinte é dia de Formatura para uns, e divulgação da festa para outros... Mas ninguém pensa nisso agora, vamos deixar o dia amanhecer.
E de fato, amanhece... Então acompanhamos os que moram ali perto... E depois caminhada de volta ao hotel, já estou acostumado!
Mas no caminho temos que terminar essa canha... 6, 7 da manhã... Hoje nem vou pro café da manhã, é chegar no hotel e desabar na cama!
Feito isso, então, só acordo lá pra 1 da tarde... Mesma rotina de banho, arrumar, sair pra rua, almoçar... Depois uma passada na lan-house. [Sim, finalmente achei!]
Uma hora e meia depois, notícias dadas aos amigos de outras partes, volta ao hotel, telefonemas... Marcado então na casa dos amigos ali do lado. Hoje todos vão à tal formatura... Mas nós temos outros planos. Uma passada no 'Q.G.' para decidir e então vamos ao tal boteco em que todos se reúnem. Distribuir flyers, folhetos... Até eu vou entrar nessa, afinal estou aqui mesmo!
Mais tarde uma parada pra abastecer no Q.G. e então pé na rua até de manhã. Colar cartazes!
Cola caseira pronta, cartazes nas mãos... Bóra pra rua que a cidade tem muitas ruas a se percorrer. E essa noite seria mais uma das memoráveis...


[continua...]

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Um post 'Ludovico' !

Sabemos que tendo boas influências musicais e literárias fica bem mais fácil escrever algo. E não a toa, desde cedo eu fui rodeado de boa música e literatura. Família rica em todos os sentidos. Da música clássica ao Vinicius de Moraes, do Drummond a Bossa Nova. Só não tive aulas de 'Mutantes' porque eles eram demasiado loucos para os gostos da minha famiglia. E nisso havemos de convir, eles eram mesmo! Mas estou chegando neles através de seus 'influenciados', digamos assim.
Que Engenheiros do Hawaii, através de Humberto Gessinger, são minha influência-mor, isso todos sabem... MAS, desde que conheci esta banda, mais ou menos em 2004, minha vida mudou. Essa banda se chama LUDOV.
Não seria útil eu descrever a história da banda, afinal a mudernidade ta aí pra quem quiser... Agora, que banda do caralho!
Foram ganhando admiradores no underground paulistano. Quando lançaram o 2º cd foi algo arrebatador. É daquelas bandas que se você perguntar pra várias pessoas muitas não conhecerão. Mas se você perguntar pra quem conhece, com certeza essa pessoa te dirá que a banda é sensacional.
E por que arrebatam tanto? É simples. Letras muito bem construídas, poesia, prosa ou verso, com melodias agradáveis pra qualquer momento, e logo se tornam viciantes. A vocalista Vanessa Krongold tem um talento vocal e de simpatia comparáveis a sua beleza... E os letristas Mauro Motoki e Habacuque Lima fazem cada vez músicas melhores, as vezes junto da vocalista. O resultado é algo que te deixa flutuando, perdido nos pensamentos que as letras trazem. Letras muito bem escritas, mas ao mesmo tempo simples.
Ludov é daquelas bandas de você querer parar o mundo pra ouvir. E se você não puder parar o mundo, vai conseguir, no mínimo, abrir um sorriso aberto no rosto enquanto ouve. Se o mundo estiver frenético você terá a sensação de flutuar, sentirá vontade de cantar a plenos pulmões esteja onde estiver. E se estiver no sossego, terá vontade de deitar olhando pro teto e imaginando mil situações, acontecidas ou não.

Pode ser só a minha opinião, mas Ludov dá barato melhor que I-doser!
E melhor eu parar de falar e deixar a cargo de vocês ouvirem ou não...


site da banda: http://www.ludov.com.br/
letras: http://ludov.letras.terra.com.br/

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Rumo ao sul

Na última parte, a hora do jogo...
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[diário de viagem de um louco]...
parte 5


Muita tensão e pouco futebol. Pelo menos a companhia era agradável. Se não valeu pelo jogo, valeu pela bagunça... E depois, mais alguns momentos tranqüilos, mp3 player compartilhado a dois até quase cochilar no sofá...
Depois, então, mais caminhadas até a casa de outros amigos. Parando pra ver tv, falar besteiras e comer mais um pouco... Haverá uma festa essa semana, então há várias reuniões pra definir as músicas e como será feita a propaganda.
Então sentam-se todos numa cama, outros na poltrona... A distração é Guitar Hero, viciante! Aquelas músicas já grudaram na cabeça, ajudando a formar a trilha sonora da viagem...
A despedida hoje é um pouco mais tarde. Amanhã é véspera de feriado, dia que todos ficam na rua... Até a manhã seguinte. Então uma caminhada tranqüila de volta ao hotel, e os planos pra longa noite de amanhã...
Dia seguinte, o sol da tarde ajuda no frio, mas as conseqüências daquele chuveiro frio e da umidade desse lugar já fizeram efeito... Gripe. Nem a rinite, nem a sinusite. É gripe mesmo, das fortes... Lenço no bolso e vamos pra rua então!
Mais uma reunião e fica decidido como serão os cartazes e flyers da festa. Divulgação só amanhã, porque hoje é dia de todos irem aos botecos beber e falar besteira. Já não era sem tempo!
A noite então, se encontram na casa de alguém e vão todos juntos. O lugar é famoso, há tanta gente que a maioria prefere ficar do lado de fora mesmo, em pé, encostados nos muros ou sentados nas altas calçadas. Conversando, me divertindo, e por que não, tomando uns tragos também!
Conhecendo mais gente, vendo quem eu não via desde a chegada, o frio já nem importa tanto assim! Vou lá dentro pegar mais cerveja pra todos então... Mas a cerveja acabou?.. 'Vamos comprar no bar ali do lado então', dizem os que estão habituados com o lugar... Eu concordo, compramos mais bebidas e continuamos as conversas. Mas, na falta do líquido dourado, o boteco fecha cedo... Que fazer?.. 'Bom, vamos dar umas bandas até a avenida', sugere alguém ali... Então vamos todos, um grupo de jovens 'pensando bobagens, bebendo besteiras', mas nem tão bobagens assim! Ali, talvez a experiência mais rica de intercâmbio com o pessoal de lá: enquanto seguem todos andando, bebendo [e alguns fumando] pra espantar o frio, discussões sobre a sociedade em geral, músicas, comportamento... E em especial o nosso ídolo em comum, Humberto Gessinger, que profetiza suas palavras na forma de músicas, e nós o seguimos, olhando o mundo de forma diferente do resto... Aquela noite pode ter acabado, mas aquele momento foi eterno. A leveza de se sentir em casa em ruas tão geladas, mas cheias de calor e companhias agradáveis. Tudo isso dava um gosto de 'quero mais' no meio da viagem, e ao mesmo tempo uma impressão do que seria deixar tudo isso pra trás...


[continua...]

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Entenda meu canto...


Não sei se vai dar pra visualizar direito... Mas essa é uma parte da minha escrivaninha! ;]

Relógio [despertador], pedras com kanjis [que vou comprar mais essa semana], caneta, O Mundo de Sofia, dicionário de Italiano, dicionário de Português [que usei na 7ª série], a caixa do meu óculos, marca Playboy [é, com o coelhinho e tudo...], o Snoopy que comprei pra minha sobrinha e finalmente a capinha do meu cd de anime songs e de Asian Kung-fu Generation, que está no drive...

Ainda tem mais pra mostrar!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Rumo ao sul

Antes, um pequeno cochilo no hotel nas primeiras horas da manhã do dia 12/06...
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[diário de viagem de um louco]...
parte 4


Acordo com o telefone tocando. Alguém esperando na recepção. Presentes na mochila, desço, encontro... E saímos rumo à praça, ali pertinho. Lá chegando, sentamos num banco, olhamos ao redor... E logo chegam mais pessoas a conhecer. E o número aumenta... E logo várias pessoas estão ali reunidas, conversando, rindo e me apresentando as características daquele sotaque e as gírias que eu viria a gostar muito.
A tarde vai passando, a noite se aproximando, e com ela, mais frio. Já estou me acostumando, casacos servem pra isso!
A essa hora um café cai bem... Então até a cafeteria mais próxima... E lá, oras, mais amigos!
Não sei se pela viagem, pela companhia, pelo frio ou por tudo aquilo, mas o café era realmente delicioso ali, olhando a vida noturna passar... Acabando, uma caminhada até a casa dela. Conhecer os pais... Que frio na barriga...
Casa bonita, aconchegante, até quente... Vou tirar o casaco. Convidado pra jantar, já me sinto mais à vontade. Depois, sentados no sofá, conversas, noticiário na tv... Estou me sentindo em casa, mesmo tão longe de casa... Gostei daqui...
Ali mesmo, então, os presentes... Agradecimentos... E o convite pra almoçar no dia seguinte. Tudo perfeito... Assim posso dormir tranqüilo, ainda que pra mim seja difícil dormir...
E então, caminhada até o hotel, já estou dominando essas ruas... Muito bom conhecer os hábitos de todos, observando como um anônimo, ainda que turista... Já sei andar por essas ruas, me perder não me perco mais!
Então, mais uma noite assim... Leio algo, que perde rapidamente o interesse. Verifico as pilhas, tudo certo... Então, hora do banho. Ah, o chuveiro, esqueci!.. Vai ter que ser no frio, de novo!
Tremendo, busco novamente as roupas e os cobertores, até adormecer...
De madrugada o barulho da chuva é companheiro. De manhã, acordar cedo de novo, café da manhã, chave na recepção... Ah sim, o chuveiro está um pouco frio, podem ver pra mim?.. Obrigado!
Passear um pouco, conhecer mais, já que ainda é cedo!
Arriscar mais então, procurar ruas que não conheci... O Mercado dali, procurar uma lan-house e uma padaria para os almoços dos dias seguintes... Achei quase tudo, menos a lan... Bom, eu pergunto depois. Melhor voltar pro hotel, frio úmido vai me atacar a sinusite já já...
Sala de espera então... Hoje o Brasil estréia... Vou sair com a camisa da seleção pra ver se me olham estranho hahah :P
Subo pro quarto, o telefonema... Espera, cochilo... Acordo com o telefone. Hora de ir pra lá.
De camisa do Brasil, o sol colaborando hoje... Vou até tirar a jaqueta. No caminho, pessoas se organizando assim como eu... Parece que não são tão separatistas como se ouve falar. No caminho, algum desconhecido me cumprimenta e comenta positivamente sobre a camisa... O pessoal daqui é simpático...
Quase chegando lá, lembrei. Preciso levar flores! Que sorte a minha, tem uma floricultura na minha frente...
Então uma dúzia de rosas. Tradicionais e belas. Chegando, almoço, conversa com todos por ali, o sol dando um calor gostoso... E eu cara a cara com os famosos doces portugueses. Minha nossa, são maravilhosos... Ainda bem que não sou mais uma formiga, mas minha mãe ia adorar isso!
Chegada a hora de ir na casa de amigos ver o jogo. Um 'até breve' e uma pequena caminhada ao lado da minha guia naquela semana... Lá chegando, pipoca, refrigerante e aquelas tranqueiras que não podem faltar nessas reuniões... Vamos ao jogo, então!

[continua...]

domingo, 10 de junho de 2007

Rumo ao sul

No relato anterior, o primeiro dia e o começo da noite...
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[diário de viagem de um louco]...
parte 3


Aquela primeira noite realmente fora agradável. Ainda todos se conhecendo, ainda pouco tempo juntos. Tínhamos que nos separar um tanto cedo. Chegando ao hotel cerca de 22 horas, pude enfim abrir a mala, organizar o quarto que seria meu por aquela semana toda. Após tudo isso, uma tentativa de banho.
Tentativa, pois o chuveiro parecia ser o vilão da história. Naquele frio polar [isso pra um paulistano acostumado com o frio], a água era 'semi-fria', nem morna nem gelada, mas caía no corpo como cubos de gelo!
Depois da tentativa mal-sucedida, mas cumprida, me sequei e busquei o máximo de roupas possíveis para esquentar. Havia levado algumas coisas pra ler, e agora as pilhas já estavam carregando na tomada, mas o cansaço da viagem de cerca de 7 horas e vai-pra-lá-vem-pra-cá não me deixou pensar no assunto. Porém ainda era muito cedo pra dormir, quando se estava acostumado com as 3, 4, 5 da manhã...
A solução era a tv, um filme conhecido passando, mas sem muita paciência para ele. Meu pensamento estava em outros cantos, nas ruas, na ansiedade de conhecer tudo. Ali a música 'Quarto de Hotel' realmente fazia sentido...
O sono veio lá pelas 23 horas, algo que não acontecia desde muito tempo mesmo. Até na época de correria esse era o horário exato de chegar em casa. Um cochilo, acordo, desligo a tv, durmo de vez.
Com o dia quase clareando os olhos se abrem. Reconhecendo que aquele não era o quarto dos últimos meses, procuro um relógio. É, nessas horas que um relógio faz falta, droga! Não havia sequer um despertador no quarto, e eu, avesso a celulares, nem pensei que o aparelho faria falta...
Ligo a tv procurando um canal que traga algo, um jornal matutino, o canal do tempo... Até enfim resolverem colaborar comigo vejo que não passava das 6... Muito cedo, o café é só depois das 7. Bom, levante, tome um banho, se arrume e etc.
O banho, novamente frio, era um desafio. Nota mental: pedir pra darem uma olhada nele...
Feito isso restou esperar o horário. Subo, tomo bastante café, suco, etc... E estou pronto. Mas perai, são só 7:30 da manhã. E agora?
Bom, vou dar uma volta... Se eu seguir uma linha reta não vou me perder... E qualquer coisa já gravei o nome da rua do hotel, sempre consegue-se algo perguntando... Então vamos.
Chave na recepção, pé na rua, frio. Puta que pariu. Fecho o casaco, vamos lá, andar faz bem...
Primeiro uma linha reta. Calçadas diferentes... Rua bem larga, de paralelepípedo, calçadas altas demais para os padrões paulistanos... Interessante. Mais pra frente uma Igreja em estilo gótico [sei lá eu, to chutando, mas que é interessante, é] e comércio como os 'centrinhos' que existem por aqui. Mais pra frente, mais pessoas saindo nas ruas. Lembrei, hoje é segunda... Estão indo trabalhar, e eu com essa cara de turista... Oras, também trabalhei um bom tempo pra poder fazer turismo! Bola pra frente então...
Já andei bastante, que avenidas simétricas... Algo assim eu só vi no lado ímpar da Av. Paulista. Quarteirões perfeitamente do mesmo tamanho, 'quadras' que são realmente quadras. Se é assim, vou virar a esquerda nessa rua aqui, já que é fácil de voltar mesmo...
Outra avenida larga, que coisa... Isso em São Paulo daria umas 3 ruas com estacionamento permitido em apenas um dos lados, com direito a Zona Azul...
Bom, além disso que mais posso reparar?... Hum, arquitetura diferente... Me lembra Itú, por que será?...
Já sei, estilo colonial! Casas de desenho arquitetônico antigo, como os poucos que ainda restam no centro de São Paulo, perto do Mercado da Cantareira... Gostei!
Bom, continue a andar em linha reta... Vou virar aqui, já que é tudo quadrado é só eu pegar a esquerda depois e chegarei na rua do hotel. Uma passada na farmácia, e estou em um calçadão. Já tem bastante gente nas ruas... Termômetro marcando... 5 graus! E eu aqui tirando minha jaqueta por causa dessa alergia ao suor... com tudo isso e tomando banho frio eu vou pegar uma gripe bem logo...
Bom, já andei bastante... Hora de voltar, ta cedo pra ligar ainda, 9 e pouco... Vou só voltar e ver o que faço.
Chegando... Quarto em arrumação, tv na sala de espera, subo, telefono... Ainda é cedo, está dormindo... Tenho que esperar. Vou deitar um pouco então...
Data: 12/06/2006.

[continua...]

sábado, 9 de junho de 2007

Textos antigos: "Olhar"

Esse eu escrevi no metrô, na minha cabeça, e quando cheguei em casa passei pro 'papel'...
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Olhar

Queria ver as coisas
Pelos seus olhos...
Queria ver como você vê a todos
Ter novamente a esperança
De que tudo pode ser melhor
Como no mundo de uma criança
Queria eu estar presente
Nesse seu olhar
Queria fazer parte de seu mundo
Ter alguém como você para cuidar

Queria ter a energia
Desses seus olhos...
Queria eu novamente ter a alegria
De olhar para o céu sem me lamentar
Queria enxergar de novo
O que deixei de me importar...
Queria eu estar sempre perto
Desse teu olhar...

Mas de repente tudo muda...
Que tristeza é essa que invadiu seu olhar?
O que há de errado a te perturbar?
Pois nada nesse mundo devia
Ter força pra te derrubar...
E eu me pergunto...
Será que um dia
Novamente, vou poder te encontrar?

Será que um dia reencontrarei esse olhar?
Algum dia estarei com alguém como você?


T. Dezembro 2003

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Textos antigos: "Cidade Grande p.m."

Eis a segunda parte... Se completam...
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Cidade Grande p.m.

Não é o cansaço pós-almoço
É a tarde lenta, é o dia lento
Não é o sol descendo
Por trás dos prédios no fim da tarde
Não é voltar pra casa
E encontrar o silêncio
É a casa ficando escura
Um cd tocando solitário
A vontade de sair um pouco

Não é sair com alguns trocados no bolso
Até o bar da esquina mais próximo
É o gole de cerveja
Cada vez mais amargo sem o seu riso

É você não comentar
Do meu corte de cabelo a noite
As paredes não ecoando
Nossa conversa, cada um em um cômodo
É a gente não fazendo planos
De viagens, do casamento, dos filhos, do futuro
É a gente não se abraçar
Namorar por horas que são escassas demais
É a gente não olhar o outro
E não precisar dizer nada
Não irmos dormir juntos
Quando chegar a meia-noite
É a falta de você


T. 19/10/2004

Textos antigos: "Cidade Grande a.m."

Estes são meus 'bebês', os dois dos quais mais me orgulho de ter escrito...
E surgiram prontos, só transcrevi pro papel, sem computador, sem sono, sem muita coisa pra fazer na época...
Espero que gostem!
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Cidade Grande a.m.

Não é dia ainda
Tampouco é noite
Os pássaros vêm à janela
Para nos acordar
A cidade no seu movimento contínuo
Começa a se encher novamente
Um café forte, uma chuva fina
O céu escuro e cinzento
Numa manhã de Primavera que conserva
A tristeza do Inverno
Não fosse pelas árvores verdes
E flores que voltam a aparecer

Não é a casa vazia
É uma pessoa solitária
Olhando pelo vidro embaçado
O amanhecer frenético do mundo
Um mal necessário
É uma foto tirada
Com um fundo em movimento
Sem opção, apenas uma pessoa
É o meu lugar vazio, quase sem vida
Hora de cuidar das plantas, depois sair

Não é seu travesseiro intacto
No seu lado da cama
É a sua falta à esse lugar
A incerteza de que irá voltar
Não é a tv falando sozinha
É a poltrona sem vestígios de ser usada
Não é o ar poluído, não é o barulho
Entrando pelas janelas
É a sua voz que não se ouve mais
Por aqui, ultimamente

Não é a pressa de sairmos
Juntos, para ganhar o dia
É a lentidão com que tudo funciona
Não é a longa madrugada
É olhar para o teto e falar sozinho
Não é depressão
É só a tristeza de você não estar aqui
Não é o ritmo lento da manhã
É o pensamento em uma só coisa
Pessoa, tempo e lugar

T. 19/10/2004

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Rumo ao sul

na primeira etapa da viagem, vosso narrador contou como foram os preparativos, a noite antes da viagem e a primeira etapa dela, até cair no sono já na manhã seguinte...
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[diário de viagem de um louco]...
parte 2


O sol batia caloroso através da janela do ônibus. A janela entreaberta deixava passar apenas o vento suficiente para não causar estardalhaço. O cochilo valia pela noite mal dormida, e o sol pelos dias cinzentos de outrora. A viagem de mais ou menos 3 horas até que passara rápido. Logo se aproximava a entra da cidade, a feira de doces, a rodoviária. Bem-vindo a Pelotas. A mesma cidade famosa por outras questões, e eu estava ali, curiosamente...
O ônibus estacionava, e eu arrumava minhas coisas para levantar, procurando do lado de fora por alguém que do lado de fora procurava por mim, lá dentro. E os olhares se cruzaram rapidamente. A ânsia de descer de lá era algo interminável. Chegada a minha vez no ônibus semi-vazio, a primeira coisa a fazer foi o abraço, tão sonhado! Ao lado uma amiga, devidamente apresentados. Recolhi a mala, esperamos mais um amigo chegar, procuramos o caixa eletrônico novamente, pegamos todos o táxi rumo ao hotel.
A cidade que se apresentava me parecia confortável e tranqüila, ótimo. As ruas de paralelepípedos, largas, eram muito diferentes das paulistanas.
Chegando ao hotel, o rápido check-in, sobem todos para o quarto e eu organizo por lá minhas coisas. Não poderia faltar, claro, a ligação para os pais. Feito isso, estava pronto! E fomos todos à casa dos amigos que ficava ali do lado. O programa era a Copa do Mundo, fervendo!
Uma pequena bagunça naquele quarto pequeno e colorido, de paredes com assinaturas de amigos. Claro, deixei a minha lá também.
As mãos dadas, o computador ligado, as músicas se alternando com as risadas, o jogo ali era a última coisa que importava!
Eram novos e bons amigos, e tudo ali era muito agradável...
Acabado o jogo, a noite se aproximava, mas a diversão não mesmo. Outra casa de outra amiga, um belo jantar, pizza até todos se entupirem, o computador ligado em outro cômodo com outras vozes, e finalmente o repouso no sofá. As mãos mais próximas, os corpos mais quentes, as bocas mais perto... E veio o primeiro de muitos durante aquela semana...

[continua...]

Textos antigos: "Heroína"

[tal qual uma droga causa dependência...]


Heroína

Quando tudo parece estar fora do lugar
Quando nove da noite parece ser três da manhã
Quando a tristeza toma conta do que devia ser felicidade
Me lembro de você
E a tristeza se dissipa na garoa
Meu relógio continua a discordar de mim
Tomando o tempo que gostaria que não terminasse
Que me afasta de você
Tudo continua bagunçado
Mas com você por perto, está no seu lugar...
E tudo parece perfeito

Entro num estado de quase-hipnose
Tão concentrado em meus pensamentos
Que me esqueço do que ocorre à nossa volta
E meu estado de transe parece não querer ter fim
Quando ao retornar pro meu canto
Ainda tenho suas imagens na minha memória

Você invade meu mundo com jeitinho
E aos poucos o conquista e dele faz parte
Se faz presente em metade dos dias da semana
E nos restantes me deixa a quase sensação
De um viciado que admite seu vício
E mesmo assim o ama e o carrega
Pelo resto de seus dias
Minha salvação;
Minha heroína...

T. 11/07/2004

Mudernidade

[pedindo licença para a autora da interjeição do título]...

No dicionário, temos como mais perto de 'modernidade':


modernice s.f. 1 Apego exagerado a coisas ou idéias modernas. 2 Mania de querer passar por moderno.


E para nós, seres humanos do século XXI, dotados de polegares opositores e o chamado 'livre arbítrio', mudernidade vem a ser algo muito comum, caminhando próximo com a modernice.
Hoje tudo está na rede. Quer achar um endereço? Sites de mapas temos vários. Quer fazer uma pesquisa? Wikipedia está lá maravilhosamente nos esperando. Quer achar sites com conteúdos específicos, ou mesmo aquele poema que você não acha mais porque seu livro do colégio está perdido em algum lugar do passado, Google nele!
É tudo tão fácil que chega a ser ridiculamente preguiçoso. Graças ao bom Deus nos meus tempos de colégio o Google ainda caminhava, pois assim aprendi que trabalho escolar não é ctrl + c, ctrl + v e ctrl + p... Há até poucos anos atrás aprendíamos a pensar, hoje aprendemos a pesquisar e copiar, e os microssegundos que a pesquisa dura dão uma noção do 'orgasmo intelectual' que é procurar algo na rede... Hoje há de tudo, até em exagero. Muito exagero, por sinal. Nos meus tempos de colégio sofríamos de escassez de informações na rede, assim tínhamos o hábito de pegar livros na biblioteca [ah sim, na faculdade também, mas nela havia a desculpa dos conteúdos serem extremamente específicos...] Hoje não, sofremos sim pela superabundância de informações. É tanta coisa em tanto lugar que separar o joio do trigo não é pra qualquer um...
E isso se levarmos em conta apenas a esfera de conteúdo 'útil' da rede, pois o inútil é amplamente maior [redundantemente dizendo]. Programas dos mais diversos, cada um pra um tipo específico de ação. Quer baixar músicas ou vídeos? Há um programa. Quer proteger o computador? Existem vários tipos de programas, do antivírus ao firewall... Quer se comunicar? Nossa, programas de mensagens instantâneas são cada vez mais diversos e multifuncionais... Faz- se de tudo para que você não saia da frente da tela por um minuto. Jogos, conversas em vídeo, áudio, manuscrito, chats... Se duvidar logo vai ter como mandar sinal de fumaça por eles!
[E vejam bem, ainda nem falei dos sites...]
Ah sim, pois bem, os sites. Com a explosão da internet no nosso país, quando a internet gratuita surgiu, eles foram ficando cada vez mais aprimorados. Novas linguagens de programação eram dominadas pelos nossos amigos que identificaram nisso uma boa oportunidade pessoal, financeira, etc etc., com a contribuição, claro, da melhoria gradual nos hardwares dos usuários de computadores. Sites de jogos, enciclopédias virtuais, comunidades mundiais de pessoas, postagem de vídeos, blogs, fotos, etc etc...
Muito bonito e próspero, por sinal.
Mas aí há um pequeno problema, que começou como uma coceirinha de nada e foi crescendo... E crescendo... E logo se tornará um problema de âmbito nacional: nossas redes de telecomunicações, sob raras exceções, são velhas e desgastadas. Alguns muitos lugares do Brasil nem banda larga têm ainda [e vejam bem, nem são lugares isolados.] É no mínimo curioso que no país da urna eletrônica [que já deveria ter sido exportada] não haja uma rede de telecomunicações capaz de dar conta do fluxo de informação que rola na rede. Claro, por isso todos nós temos uma grande culpa, com nossa avidez por nos mudernizarmos...
E nos irritamos a ponto de querer descontar nos nossos 'pobres' hardwares, que nada têm a ver, estão ali se esforçando, como máquinas, para nos trazer tudo que os dedos clicam através do mouse e digitam pelo teclado. É tão engraçado que para dormirmos tranquilos temos que dar um alt + F4 na mente, senão ficamos pensando no que deixamos de fazer na rede no dia que passou...
Para terminar, um ótimo exemplo do que a mudernidade nos traz: o ato de emular [reproduzir com efeitos próximos] as coisas. Começou com jogos de videogames quase extintos, como nosso saudoso Atari, e hoje já emularam até as drogas. E com resultados muito próximos aos reais. [Aí os leitores vão me perdoar, mas eu como bom careta que sou, nunca experimentei drogas ilícitas...]
Mas confio, evidentemente, na descrição de quem já as tomou. E a emulação de sentimentos não parou com as drogas não. Estão indo cada vez mais longe, reproduzindo sensações do big-bang [sim, aquele mesmo que originou o Sistema Solar], de estar sonhando acordado [e eu realmente me senti levitando!], sensações de estar fisicamente com alguém que não está perto de você [e olha que os resultados são bons...], sensações de criatividade e inspiração, e, pasmem, até de orgasmos.
Ahh, essa mudernidade... Eu prefiro ser careta, baixar e-books pra ler, ter conversas com pessoas cults que tenham gostos que completem os meus, passar o tempo a toa pesquisando sobre filósofos dos quais eu ainda não li as obras, ver filmes que me deixem com cara-de-ponto-de-interrogação, e , principalmente, procurar nessas poucas pessoas algo que me inspire, que me incite. E consegui. Obrigado, Srta. autora do termo que eu tomei emprestado! Me deixaste com o ponto de interrogação na testa, hoje.
E, ao elaborar um texto capaz de descrever toda essa mudernização em minha mente, a sensação quando a conclusão deste texto pseudo-explicativo se aproxima, é a de um orgasmo intelectual. Desta vez sem aspas, porque essa é uma sensação que mesmo os brilhantes técnicos do I-doser devem demorar MUITO a conseguir reproduzir...

[Ah, como eu amo a metalinguagem.......]

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Quadrilha [Versão tempos pós-modernos]

Camila, Érika, Karina, Érika, Tássia, Ariane, Luciana, Ana Beatriz, Luciana, Fernanda, Dalila, Nara, Débora, Luciana, Daline, Camila.

Camila foi a primeira que ele apreciou. Depois veio Érika, com quem fazia dupla no colégio. Karina era a inalcançável. A outra Érika mudou de colégio e lhe bateu saudade. Tássia era uma novidade, todos cobiçaram. Ariane foi bem platônico, ele bem que tentou. Luciana foi a primeira a morar longe. Ana Beatriz foi a primeira a ser sério. Outra Luciana foi mais que inalcançável. Fernanda era uma boa amiga. Dalila foi a primeira a arrebatar. Nara era a melhor das amigas de todos os tempos. Débora era doce, mas um erro de execução. Última das Lucianas, acabou virando ótima amiga. Daline foi a que ele mais arriscou. E voltou para a mesma Camila do ponto de partida.

Camila foi pro interior. Érika virou uma amiga ao longo dos anos, e namorou sempre o mesmo. Karina mudou de colégio e de namorado[s]. A outra Érika mudou de namorados. Tássia mudou logo de colégio e de vida, virou uma linda e jovem mãe. Ariane conheceu um rapaz e com ele ficou durante todo esse tempo. Luciana se formou, ficou independente, quase casou mas está só. Ana Beatriz ficou noiva. A outra Luciana sumiu da face da Terra. Fernanda namorou, terminou, namorou, terminou e está só. Dalila noivou. Nara namorou, terminou, voltou, terminou, voltou, terminou... Débora encontrou alguém que lhe fez bem. A última Luciana, também. Daline tocou o barco e também encontrou seu alguém. E Camila... Parece que está melhorando... E vai mesmo!

E ele, disse que não faria mal a mais ninguém, ficou sozinho e bem. Até aparecer mais um nome na história...


[aos desinformados, a Quadrilha original e uma análise dela...]

Eu não vim até aqui pra desistir agora...

Se eu esperasse mais uma semana cairia, simbolicamente, na mesma data de 1 ano atrás. Mas é melhor aproveitar a idéia antes que ela fuja, então...
[Cabe lembrar que o fato motivador de escrever o diário é a música Quarto de Hotel, que muito se assemelha ao que tenho pra contar...]

Rumo ao sul
[diário de viagem de um louco]...
parte 1

Relatar os motivos [ou 'o' motivo] da viagem seria um tanto pessoal, e por ora, desnecessário. Pode-se dizer que eu fiz o que muitos não fariam, me arrisquei, entrei de sola, fui com a cara e a coragem... Hoje restariam ainda muitas dúvidas de várias pessoas sobre o ocorrido, mas se arriscar, saindo bem ou não, é algo que só se faz se tiver coragem o suficiente. E não guardo hoje mágoa alguma, muito pelo contrário. As experiências foram tantas e tão boas, que acho justo descrevê-las...
Os preparativos requisitaram tempo e preparo, pra não dizer o óbvio, financiamento...
Mas nada parecia importar, afinal, a viagem e outras coisas seduziam mais que qualquer esforço pudesse aplacar.
Chegado o dia, noite mal-dormida, primeiro aeroporto, primeiro avião, ansiedade. Os elementos básicos da pirâmide de Maslow ficavam para depois, o que importava era chegar!
Pouco tempo, é verdade, no céu. Mas o suficiente para estontear. Decolagem, Guarulhos: luzes, mais luzes, agrupamentos de milhares delas, ficando menores, avião subindo, uma curva pra esquerda, tchau São Paulo.
Sem sono, pouco mais de uma hora, avião descendo, dia amanhecendo, o Guaíba pela janela parecia de fato, lindo, trem de pouso na pista, bem-vindos a Porto Alegre.
Alegre... Era algo que de fato, resumia tudo. Recolher as malas, pegar um táxi, sacar dinheiro, pagar o táxi, comprar passagem de ônibus, telefonar, esperar... Pronto... Mais um pouco e enfim poderia encostar e relaxar...
Embarcando, poltrona reclinável, maravilha. Mp3 player ligado... Ih, a pilha! Babaca, esqueceu de recarregar antes de sair... Agora deixa, no hotel eu cuido disso...
Fé em Deus e pé na estrada. Estradas novas para serem observadas, ótimo!.. Estava cansado mesmo da sigla SP....
Uma lagoa enorme, plantações de algo que não me recordo mais, estrada e silêncio e... Ah, o sol!
Enfim deste as caras, estava esperando por ti... Agora sim posso encostar e dormir um pouco...

[continua...]

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Textos antigos: "Por que será?"

Por que será?


Me diz por que será?
Que você chegou sem avisar
Que iria conquistar meu coração
Agora está tarde, já não tem mais jeito
Você tocou direto no meu defeito

Eu não quis estar lá de novo
Por diversas vezes me atrasei
Não sei se tenho certeza
Mas agora, eu sei,
Você chegou sem avisar
Bateu a porta ao entrar
E ao ver quem havia chegado
Me vi, num instante,
Ao seu lado

Me diz por que será?
Que você tocou em mim
Ao me ver chorar?
Por que será?
Que você me prendeu e eu
Não consigo escapar?

Se eu tivesse a força que um dia tive
Iria me mandar pra não ter que sofrer
Se eu fosse um cara diferente
Talvez não tivesse que te dizer
Que eu não quero sofrer
Mais uma vez
Mas talvez,
Agora seja diferente
Quem sabe se a gente
Tentar dá certo?

Então, por que será?
Que você veio de mansinho
E conseguiu me dominar?
Me diz por que será?
Que você me prendeu e eu
Não consigo escapar?
Por que será?
Que você sabe a resposta
Que eu penso em te dar?
Por que será?

T. 22/03/2002

Textos antigos: "[doce] fantasma"

[doce] fantasma

Doce fantasma...
Me volta a assombrar os sonhos do nada?
Me faz pensar em coisas que não posso
Ao mesmo tempo que se mostra renovada
Quer me tirar da escuridão, essa que tanto aprecio
Ou quer o que?
Doce fantasma, bela como sempre
Vai voltar de vez pra minha vida
E mudá-la de novo?
Lá vamos nós, de novo!

[postado originalmente em '¡Tchau Radar! em 18/04/2006]

sábado, 2 de junho de 2007

Textos antigos: "Outono"

Vou postar, gradativamente, alguns textos do meu último blog [e único que não apaguei...]
E alguns deixarei lá, pois é difícil não relacionar algo escrito a uma determinada época... Então postarei aqui apenas para demonstrar... Todos estarão lá no link que está aqui ao lado da página! ;]



Outono

Outono, folha caída no chão
Chuva caindo, flor secando
Outono, vento frio que já chega
Ano que demora a passar...

Outono, folha seca
Chão molhado, flor de inverno abrindo
Outono, hora sol hora dilúvio
Já é quase um terço de ano

Outono, inverno, primavera e verão
Quando vemos já foi mais um ano
É Páscoa, aniversário e Natal novamente
Hora de renovar o coração!

[postado originalmente em '
¡Tchau Radar! em 24/03/2005]

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Vida [Su]real - Take 3

Talvez o mais difícil de se tirar conclusões... Fragmentos perdidos na memória, jogados aleatoriamente como um quebra-cabeça me esperando para juntar suas peças.
Unindo elementos comuns em vários dias [seguidos ou não], poderia chegar à conclusão de que o ambiente parecia sempre o mesmo. Alguns amigos ocasionalmente, algumas festas ocasionalmente. Mas, seguramente, aquele era o meu ambiente. E só meu.
Peças aleatórias do quebra-cabeça me apareciam a qualquer hora, como desafios a se investigar, como um autêntico detetive do século XX, ou, com um pouco mais de efeitos Hoolywoodianos, um 007 de Ian Fleming. 'Armado' com a minha astúcia e destemido com a minha liberdade, o ponto fraco era algo que nem a mente, em seu repouso de sono, pode controlar: hábitos desastrados.
A partir de então o filme policial ganhava tons de comédia, e as peças do quebra-cabeça, antes brancas e lívidas, iam ganhando pinceladas de tinta, formando então algo. Restava então encaixá-las para descobrir o que seria 'algo'....
Ora perseguidor, ora perseguido, as peças iam se encaixando lentamente, ao passo que dias se passavam. Pois bem, felizmente os 'hábitos desastrados' eram mais presentes nesses filmes surreais, pois antes de saber o final do quebra-cabeça eu já havia delineado minha conclusão.
E é por isso mesmo que eu não poderia descrevê-la aqui. Pois nos livros de Connan Doyle ou Ian Fleming, o bom mesmo é acompanhar a história do início ao fim, sem pular as páginas.....

Eram [talvez] alguns sonhos...

Vida [Su]real - Take 2

A primeira lembrança era o aeroporto, prestes a embarcar. Se houvera alguém ali antes comigo, isso não ficou guardado... Deixando pra trás todo um mundo para um lugar desconhecido, mas a ansiedade era algo bom.
Durante o vôo, poucas horas de sono e muitas de expectativa. Lá chegando, tudo era diferente de tudo que jamais conhecera. As pessoas, evidentemente, ainda mais. Frias, talvez. Algumas informações conseguidas com a língua mundial e me locomovia para o lugar onde todos estariam. Era um dia de festa, semanas de festa na verdade. Turistas de todos lugares me faziam companhia e ao mesmo tempo me confundiam os julgamentos. Talvez fosse bom...
Passados alguns percalços com pessoas bêbadas e efusistas ao extremo, novamente seguia em busca de outros lugares. Os ônibus já começavam a parecer comuns, escolhido o destino eu seguia. Rodei por muitos chãos diferentes, sempre tentando traçar, na minha cabeça, um perfil 'automático' das pessoas que ali estavam, bem como já tinha feito muitos anos antes aqui na terra-natal. Surpreendia-me a capacidade de me virar, sendo que nunca havia sido testado em condições tão... solitárias.
Buscando cada vez mais o lugar onde as pessoas estavam, cheguei ao lugar exato. A semelhança com a megalópole da paulicéia era notável, porém era como fosse centenas de anos mais antiga. E de fato, era.
Aquele lugar, sim, parecia ser o que procurava. O frio não se importava com isso e obrigava aqueles que lá desfilavam a usar todas as suas armas. Não poderia deixar por menos, mas de longe poderia notar que eu não era dali. E foi num lugar assim que parei, não saberia dizer por quê, mas ali se deu o clímax: um parque gelado, uma pista de patinação, e muita gente rindo e falando diversas línguas, que aos ouvidos misturavam-se como numa gigantesca Babel, ainda que o rinque não tivesse mais que alguns metros de diâmetro...
Alguns passos segurando-se para não cair, tirando ao máximo daquelas palavras estranhas um significado. E tudo ali se completou, o que havia passado era tão importante quanto aquele momento. Mas naquele momento, já não era mais tão cruel assim o que havia passado. Eu estava ali, no meio da confusão, no olho do furacão. E tudo terminou num êxtase silencioso, contido na euforia de falar sozinho na própria língua de origem...

Era [apenas] um sonho...

Díspar

Díspar
Ímpar
Dispara um coração por causa de uma beleza desigual
Um, dois, cinco... Números primos, irmãos na admiração
Contemplam todos uma jóia lapidada
Uma raridade marcada, como toda preciosidade
Com suas marcas, feridas ainda abertas
Mas nem por isso, e muito pelo contrário, menos bela
Alguém que, como o mais belo pássaro
Por mais que seja admirado, merece voar
E escolher por si só seus próprios caminhos
Só quero estar perto de você para também voar
Quem sabe, ao seu lado...