sábado, 27 de outubro de 2007

A garota que rouba corações

Ela é a garota que roubou o sorriso da Monalisa
[E o aperfeiçoou].
Ela é a garota que roubou o meu coração
O meu, o seu, o de todos nós
[E no melhor sentido da expressão]!
É a garota que tornou a brancura da pele
Em algo admirável, pelo conjunto da sua obra...
Que definiu o sorriso
Como algo pra se lembrar sempre.
É a garota que com seus olhos
Pode derreter qualquer olhar severo
É o fogo que corta qualquer gelo...
É a estátua que ganhou vida
E arrebata não por ser inalcançável
Mas por ser simplesmente bela e doce
[E com um coração que guarda todos os nossos, roubados por ela]...

Realidade momentânea

Sempre parece real, sempre parece perfeito.
Sempre parece que não acaba.
Sempre parecemos melhores.
Tudo sempre parece posssível.
Não devíamos abrir os olhos...

domingo, 21 de outubro de 2007

Fade-out

Take 4

Som abafado
As fibras do carpete absorvem mais do que isso
Lágrimas secas e interrompidas
Indiferença de um lado, revolta de outro
Os pés calçam os sapatos...
É um até mais disfarçado de adeus...
Mil sentimentos em ebulição e explosão
Desculpas não mais adiantam
Olhar distante...

Reflexo

O sol bateu ainda fraco e sem força no vidro fosco
Primeiras horas do dia, silencioso
O vento calmo ainda dispersava as nuvens
Quando o reflexo da manhã traçou suas linhas no chão
O que aconteceu nesse tempo
Ínfimo e ao mesmo tempo interminável
Que pensamentos aconteceram
Neste tempo?

A música acompanhava meus pensamentos
O café já veia adentro como combustível
Queimando minutos
Coração a mil
O que aconteceu neste momento?

Foi o tempo que passou
Ou eu voei?
Não fôra, ao certo, um sonho
Eu surfava o mar de prédios
Com a mesma paixão adormecida pelo verdadeiro

Lapsos de microsegundos
Que povoaram minhas idéias
Como relâmpagos
Tentei acompanhá-los
Me perdi no meio do caminho
Quando o pensamento parou em você

E então os microsegundos se tornaram infinitos
Como ficção científica nonsense dos anos 60's

E eu desisti de contar os pensamentos
Pois me perder no meio do caminho
Me perder e me encontrar sozinho
Se tornou um vício

Quando naquele reflexo que bateu no chão
Eu só pude pensar em uma coisa

O sol que batia no vidro ganhou calor
Por alguns momentos me senti auto-suficiente
Em sorrisos indecifráveis

sábado, 20 de outubro de 2007

Quem é você?..

Por onde você anda? O que você faz e com quem você faz? Sobre o que você conversa? Você conversa ou mata o tempo? Você aproveita o tempo? O que você vai deixar?..


Não se assuste com a[s] pergunta[s]. Quantas vezes você já parou pra pensar no que fala, no que faz, no que não faz?
Somos obrigados a quase tudo, obrigados a ver tv, obrigados a não pensar no que não devemos, obrigados a consumir... E então, quem somos nós?
Eu digo o verdadeiro ser de cada um. Estamos em extinção, essa é a verdade.
Os seres pensantes estão deixando de existir, amortizados por uma vida sufocante e torturadora. Sem pânico, é isso mesmo.
Não conseguimos mais nos dedicar ao que gostamos, e se o conseguimos, é um luxo!
Então fazemos coisas mecanicamente, sem parar pra pensar se gostamos ou se aquilo é realmente algo lúdico. Não mais nos dedicamos a conversas inteligentes [claro, salvo sob raras e felizes exceções], não falamos o que pensamos, não fazemos o que pensamos. Estamos nos acomodando, e isso é muito perigoso.
Lugares questionáveis, amizades questionáveis, atitudes, conversas etc... Deixamos escapar nossos verdadeiros pensamentos várias vezes por preguiça, cautela, etc etc. Estamos correndo sério risco de ficarmos atrofiados, indo no sentido contrário da evolução [alguns aliás já estão neste retrocesso há dezenas de anos].

Se não pararmos o mundo pra nos dedicar a transmitir o que nós somos, não vai mais haver mundo daqui um tempo. Ainda há esperança nas idéias de quem não aceita simplesmente tudo que é obrigado a engolir, nas idéias de quem contesta.
As famílias estão se extinguindo, e eu tenho pavor de colocar neste mundo mais uma vida condenada, como tantas outras pessoas que pensam o mesmo.
Então, cabe a nós pavorosos termos um pouco mais de pulso -e de estômago- pra reparar um pouco do mal que fazemos, e quem sabe [quem sabe], ainda deixar algo de bom pro futuro...

[falar que isso é utópico já é um péssimo entendimento...]

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Fade-out

Take 3

O barulho do sapato no granito dos corredores
Paredes que combatem o barulho
Assim como os corações lutam contra os sentimentos
Querendo acreditar que as separações também são boas
E, por fim, a madrugada ajuda a tornar certo o duvidoso.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Fade-out

Take 2

O horizonte [ainda] é verde.
Verde, vento, tempo, pensamento
Tudo se cruza, tudo se julga.
Os cabelos que insistem em cair no rosto
Provam que o tempo continua a passar
Há de se aceitar.




-
[quando eu terminar as 6 partes, juntarei tudo e colocarei pra baixar] ;]

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sobre um nome composto...

Tem Ana que é nome de música
Tem Ana que foi política, tem Ana atriz
Tem Ana que até estação de metrô é
Tem Ana que foi santa, tem cantora e modelo
As Anas são diversas, por um nome que é democrático
Algumas mais belas, algumas mais encantadoras, algumas muito cativantes.

Cláudia também tem atriz
Também tem modelo, cantora e repórter
Também é diversificado e justo
Mas não pode se dizer jamais ser um nome comum
Algumas pessoas, sim, são comuns, tendo seus nomes distribuídos ou não

Outras... Sobressaem de tudo
Nos fazem parar para observar suas expressões
Repetir em silêncio seu nome, incorporando a imagem ao som das vozes na memória
Nos fazem querer fazer de tudo por elas
Ser seu salvador, porto seguro e refúgio

Nos fazem ficar sem ação ou palavra quando mais precisam delas
Porque são capazes de nos deixar atônitos...
Como se estivéssemos olhando para uma pintura
E às vezes, de fato, o são. Pinturas vivas, e lindas.

domingo, 14 de outubro de 2007

a.m.

Os pássaros cantam sem se importar com a manhã cinza
A maioria dorme, num horário em que não há nada mais que fazer
Na cozinha o café pingando do bule parece um conta-gotas
Ou uma bolsa de sangue das que se usam ao doá-lo
A manhã é demasiado silenciosa, contrariando os que gostam do movimento da noite
Mas é tranqüila e reflexiva, assim como o leve sereno que cai
Estranho num dia de domingo.

O mal estar matutino se agrava com o café deslizando corpo adentro
Mal auto-provocado, de risco conhecido
Vício programado.

Ao contrário do dia que se levanta lento, os planos são de movimento
Uma certa coragem em se desvencilhar da preguiça
Ou talvez curiosidade em analisar quantos farão o mesmo
O coração é leve, talvez como nunca em uma manhã como essa
Ou talvez envelhecido, como a bebida fermentando dentro de um tonel.

É uma época certamente de muitos talvez
Ao passo que outrora fôra talvez de muitas certezas
Ambos se reciclam, se fundem, se transmutam
E na próxima época já não se sabe mais
E nem quer saber. Aproveita.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Review: 'Um Convidado Trapalhão'

The Party, [1968]. De Blake Edwards. Com Peter Sellers e Claudine Longet.

Mais uma parceria que deu muito certo: Blake Edwards, Peter Sellers e Henry Mancini. Responsáveis, entre outros, pela "Pantera Cor-de-rosa". Edwards com a história e o roteiro, Sellers o ator e Mancini o autor da famosa música da Pantera.

Neste caso, o filme mostra um ator indiano muito atrapalhado e humilde numa festa de 'grã-finos' da Sociedade Hollywodiana. Suas confusões são impagáveis e já garantiriam em si o filme, se não fosse por Longet, cantora francesa que arriscou alguns filmes na sua carreira, e aqui está maravilhosa. E ainda canta uma música com o violão, este vídeo logo abaixo.

No outro trecho uma das muitas trapalhadas de Sellers.
[Ótimo filme].