terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Idéia

Não duvidar.
Agarrar-se às idéias como se fossem a própria musa.
Deixar o mundo se mover, insano
Perder-se pelas janelas
E encontrar as palavras na roleta.
Deixar que olhem estranho
E estranhar a falta de interesse de todos.
Decorar o ritmo que imprimem
E destoar do mesmo apenas por transgredir.

Anotar na memória não as palavras
Mas as impressões.
Usá-las como o pintor com a tela em branco.
Lembrar, sempre, o que se quer contar.

Querer construir o mártir
E se contentar com o fora do comum.
Querer construir a musa
Achar a perfeição em cada uma delas
E querer morrer por ela, se existir.

Juntar tudo na mente
Que registra milhares de informações.
Esperar então que saia algo disso
Registrar finalmente as idéias
E corrigí-las, pouco a pouco
Fazendo das idéias, arestas.
Aparando e criando
Destruindo e desistindo

E ao final
Não querer mudar uma vírgula.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Mais um ano...

Buenas, meus caros... Em primeiro lugar, um obrigado àqueles que não abandonaram esse blog mesmo quando eu abandonei minhas esperanças.
Como tudo se recicla e o mundo não pára, eu também não posso. Então a gente vai levando...
Quero que as 'auto-ajudas' se explodam porque é algo em que eu não acredito. Mas cada um deve acreditar no que lhe parece certo. Minhas metas pra esse ano são apenas uma continuação do ano passado, tirando a letargia que me abateu por muito tempo.
E como um ponto de honra daqui pra diante é não deixar nada sem terminar, encerro a série de posts Fade-out. Algo tolo, que surgiu por causa de alguns sonhos mal-explicativos e muita vontade de fazer de alguns pequenos poemas, Cinema. Ou pelo menos algo que pareça isso.

É só clicar aqui pra baixar o arquivo inteiro, o poema de introdução e os Takes, que nada mais são do que uma explicação de cada estrofe do poema.

Saudações e não um ano bom pra todos, mas dias bons para todos.

Fade-out

Take 6

O olhar vai longe, sem querer encontrar nada.
Não objetiva algo a se ver, apenas escaneia o que acontece
Olhando e desviando, fixando e perdendo o interesse
Tolamente gastando seu tempo.
Parece que enxergam a tudo, mas aquilo não serve de nada.
Escrevem histórias a serem contadas, com atenção a detalhes
Para logo depois perder novamente o olhar
Impotente.

Fade-out

Take 5

A linha do horizonte se apresenta
Difícil de separar onde começa e o que acaba.
A poeira de terra subindo, o cheiro da chuva
O vento que traz e que leva
O isqueiro que nada mais é que uma recordação inútil.
Recordações como filmes
Filmes sobre datas que passaram.
E quando passam, já não são nada mais que recordações.


domingo, 6 de janeiro de 2008

Como a saudade

É como ficar sem tocar o piano. Ele acumula poeira, você acumula desculpas.
A corda se rompe, as teclas desafinam, o pedal se solta, a banqueta fica dura.
Você se esquece de como poderia ser simples tocar uma mulher.
Seu piano fica insensível, os sons graves mais agudos e os agudos mais graves.
Seu tato parece um cactus e seus modos mais defensivos.
De Bolero você se torna um Tango.
Do suave ao seco, você se inspira no vinho, e espera que o tempo corrija tudo.
Esqueceste as curvas do piano bem como as de uma bela mulher.
Trocaste o som das teclas ecoando e também o sorriso retribuído.
Você se tornou um ser puro.
Puro como a saudade...