terça-feira, 31 de julho de 2007

Review 'Clube da Luta'

Fight Club, 1999. De David Fincher [responsável por, entre outros filmes, Zodíaco, O Quarto do Pânico e Seven].

O filme é uma grata 'viagem' do início ao fim. Uma viagem que nos deixa a vontade de fazer parte dele, de ser também uma pessoa subversiva, que leva seu descontentamento e sua fúria contra o 'sistema' aos limites e consegue fazer parte de algo para se tornar menos letárgico.

Atuação perfeita do 'trio principal' do filme, por assim dizer, Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter. Entre aspas porque o filme vai muito além dos atores, assim como Trainspotting fizera antes, ele mostra que o seu interior é acomodado e permissivo. E planta uma idéia de revolução, que depende de cada hospedeiro para crescer ou não. Para ter entre os favoritos, sem dúvida!



Difícil escolher um trecho do filme, mas este é um bom deles. Abaixo, a transcrição:

"Man, I see in fight club the strongest and smartest men who've ever lived. I see all this potential, and I see squandering. God damn it, an entire generation pumping gas, waiting tables; slaves with white collars. Advertising has us chasing cars and clothes, working jobs we hate so we can buy shit we don't need. We're the middle children of history, man. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars. But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off."

Tributo: café



Ao ler 1984, obra magnífica de George Orwell, muitas assombrações podem passar pela nossa mente. Entre tantas outras, uma específica me toma os pensamentos no momento. Claro, num mundo totalitário ao extremo onde apenas o Governo controla tudo o que acontece, é natural que não só o café, como qualquer alimento seja racionado e manipulado para ser servido à população como uma vasta lembrança do que fora este produto, mantendo apenas para poucos privilegiados o verdadeiro produto, o verdadeiro prazer.
A comparação com o livro para por aqui, outra hora haverá um comentário sobre ele.
Parando pra pensar, aqueles que gostam do café, evidentemente, é assombroso imaginar o líquido sem o prazer de degustá-lo.
Quente, frio, com sorvete, acompanhado ou não, com música ou não, incrementado ou não. É um prazer somente conhecido para aqueles que o apreciam, naturalmente. Quem não o gosta nunca saberá o prazer que é sentir as papilas saboreando o líquido, amargo ou não, e poder pensar apenas nisso.
Pode ser só invenção de um pseudo-escritor blasé e metido a cult, mas o café é algo inspirador. Ao meu gosto, puro, forte e com pouco açúcar. E no frio extremo, com canela e alguma bebida, conhaque de preferência. A mente viaja, imaginando som de piano, um bar com vista para a rua, pessoas conversando, boa companhia ao lado e muito café. Risadas, boas conversas. Um desvio da rotina, talvez.
Um líquido é capaz disso? Talvez sim, talvez não. O certo é que é um complemento, e um belo complemento. Faz querer viver melhor, aquece e abranda. Desde lugares gelados até os calorosos demais, será sempre boa pedida. Café é vida noir, boêmia e cult ao mesmo tempo.
[E pode-se tomar fazendo caretas sem ser mal-interpretado!]

Palavreado

Gosto da palavra “fornida”. É uma palavra que diz tudo o que quer dizer. Se você lê que uma mulher é “bem fornida”, sabe exatamente como ela é. Não gorda mas cheia, roliça, carnuda. E quente. Talvez seja a semelhança com “forno”. Talvez seja apenas o tipo de mente que eu tenho.

Não posso ver a palavra “lascívia” sem pensar numa mulher, não fornida mas magra e comprida. Lascívia, imperatriz de Cântaro, filha de Pundonor. Imagino-a atraindo todos os jovens do reino para a cama real, decapitando os incapazes pelo fracasso e os capazes pela ousadia.

Um dia chega a Cântaro um jovem trovador, Lipídio de Albornoz. Ele cruza a Ponte de Safena e entra na cidade montado no seu cavalo Escarcéu. Avista uma mulher vestindo uma bandalheira preta que lhe lança um olhar cheio de betume e cabriolé. Segue-a através dos becos de Cântaro até um sumário - uma espécie de jardim enclausurado -, onde ela deixa cair a bandalheira. É Lascívia. Ela sobe por um escrutínio, pequena escada estreita, e desaparece por uma porciúncula. Lipídio a segue. Vê-se num longo conluio que leva a uma prótese entreaberta. Ele entra. Lascívia está sentada num trunfo em frente ao seu pinochet, penteando-se. Lipídio, que sempre carrega consigo um fanfarrão (instrumento primitivo de sete cordas), começa a cantar uma balada. Lascívia bate palmas e chama:
- Cisterna! Vanglória!

São suas escravas que vêm prepará-la para os ritos do amor. Lipídio desfaz-se de suas roupas - o sátrapa, o lúmpen, os dois fátuos - até ficar só de reles. Dirige-se para a cama cantando uma antiga minarete. Lascívia diz:
- Cala-te, sândalo. Quero sentir o seu vespúcio junto ao meu passe-partout.

Atrás de uma cortina, Muxoxo, o algoz, prepara seu longo cadastro para cortar a cabeça do trovador.

A história só não acaba mal porque o cavalo de Lipídio, Escarcéu, espia pela janela na hora em que Muxoxo vai decapitar seu dono, no momento entregue aos sassafrás, e dá o alarme. Lipídio pula da cama, veste seu reles rapidamente e sai pela janela, onde Escarcéu o espera.

Lascívia manda levantarem a Ponte de Safena, mas tarde demais. Lipídio e Escarcéu já galopam por motins e valiums, longe da vingança de Lascívia.


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[Trecho extraído da crônica 'Palavreado', de Luis Fernando Veríssimo.]


comentário: crônica sensacional, estava procurando há tempos!

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Acerca do tempo

Pra quem cresceu com a chamada Síndrome do Patinho Feio, é uma virada e tanto se descobrir no lado oposto. Nem Cisne, nem Patinho Feio. O processo, é verdade, é longo e caminha junto com o amadurecimento [se bem que este acho que nunca cessa], e pelo menos no caso desse humilde narrador, não foi forçado.
Fluiu com os anos, pós-colegial, faculdade, viagens da faculdade, estágio, grupos sociais, primeiro emprego, etc... E com as fases muitas mudanças de visual e de caráter. Forçadas ou não, mudanças são mudanças e são sempre para melhor. Caso contrário, era só voltar até a anterior, como se retorna um jogo salvo após morrer, e fazer o certo desta vez. E assim fui levando os meses.

Pois quando se pára pra pensar, não é que agora estou no olho do furacão?

Claro que não era só coisa da minha cabeça, coisas de adolescente. Era um todo, acho que todos passam um dia pela fase de 'rejeição', tentam ingressar em certos grupos sociais para ter aceitação, e assim conseguir um reconhecimento. No meu caso tudo foi mais difícil, sem fazer drama de Cinderela no porão, por motivos que não vou dizer agora.
Mas sempre havia mais expectativas sobre mim do que eu mesmo podia captar [e olha que inteligência é algo que se desenvolve plenamente apenas depois do colegial, tenho certeza disso!]

Pois então, depois de conseguir a aceitação o próximo passo seria o mais difícil. O de ser querido dentro do grupo. Ser aceito é uma coisa, qualquer um pode ser aceito em qualquer grupo, desde que saiba o que está fazendo e se sujeite a isso. Ser querido não, é algo mais profundo, que envolve X questões muito mais profundas e difíceis de se debater!
Já que a tal Síndrome do Patinho Feio era algo que sempre perseguia, não era nada fácil ser querido por um grupo, por alguém. E de tanto martelar isso acaba entrando na cabeça. E cresci, então, admirando ideais românticos da turma de Álvares de Azevedo, com seus ultra-romantismos exagerados [não é redundância do texto, eles eram demasiado exagerados mesmo nos seus delírios românticos] ou então das Novelas de Cavalaria, em que os heróis cavaleiros sempre tinham uma milady Guinevere para salvar.

Portanto, além das síndromes e das idéias 'embutidas' pelos comentários alheios, pesava também o fato de crescer acreditando em algo que de fato não existe, a não ser em delírios de poetas bêbados que não gostavam das suas aulas de Direito...
Realmente muita coisa para a pobre mente de um jovem confuso e magricelo. Ainda bem que essa era a fase de se perder por aí até descobrir de fato quem se é. E isso ainda demorou a ocorrer.

Pois bem, as únicas coisas certas na vida são que o tempo passa e a morte chega. E o tempo passou, naturalmente, oferecendo experiências completamente diferentes das vividas antes da 'maioridade', digamos assim. Foi a época de conhecer o máximo possível no menor tempo possível. E, de fato, deve ser por isso que a maioria dos jovens sente falta dessa exata fase assim que ela é superada.
E foi superada. Começaram a aparecer responsabilidades, com elas a esperança de ingressar num mundo novo de pessoas flertando sem se importar em serem mal-entendidas, trocas de números de celular e promessas de romance surgindo. Nesta fase, então, adentra-se à 'pós-adolescência', a vida pré-adulta. E para algumas pessoas o hiato entre uma fase e outra dura bastante tempo...

Já nesta fase as síndromes parecem não importar tanto. Afinal, quem não tenta 'não pontua', como se diz nessa idade. Experiências negativas aqui e ali, sofrimento causado e sofrido, aprende-se bastante. Infelizmente esse é o único meio.
A Síndrome do Patinho Feio começa a se transformar, internamente, na do Cisne que fora pato e que jamais quer voltar a sê-lo. Pois então ele investe em si próprio, no caso deste narrador, mais em auto-propaganda propriamente dita, e pensa que agora sim está pronto, que aprendeu de tudo.

Mas ora, quem acha que aprendeu de tudo é porque não viu nada ainda! E então seguem mais desastres, que impõem lições a serem aprendidas. O jeito é aprender para não repetir.
E o cisne que fora pato vai fazendo uso de suas asas. Adquire novos conhecimentos, agora não só em vivência como também em cultura. Deve ser normal da idade ou do amadurecimento fugir do comum para buscar o prazer em pequenas coisas. E aquilo que até 3 ou 4 anos antes era diversão agora se traduz em martírio! Por isso, então, jamais amaldiçoe algo, pode virar-se para você quando menos se espera.

Agora o cisne é pesado demais para voar, e suas responsabilidades pesam em suas costas, não lhe permitindo vôos longos. Já não era, por dentro, um cisne, muito menos um pato. Agora então, um pássaro?
Sim, aprendera a se desprender do peso, manipulando-o. Se as responsabilidades são pesadas demais, dá-se total atenção a elas, abdicando do resto. Se não, pode-se exercer o tempo vago para refletir e reavaliar os conceitos acerca de suas 'ex-síndromes'.
E o que vosso narrador fizera?

Bem, não mais pato, nem cisne, mas pássaro. E agora sem síndromes. Nada de achar que tudo antes fora inválido ou inverdade. Tudo fora um caminho para que hoje o pássaro se tornasse admirado, querido. De fato, conseguiu, em algumas doses.
Mas agora esse pássaro aprendeu a voar, tomou gosto pela coisa, e já não pertence a mais ninguém, apenas se pertence. E justamente agora que poderia tomar proveito dos benefícios que ser um querido pássaro proporcionam é que ele quer voar, ser livre, não estar amarrado nem [pelamor!] engaiolado. O pássaro agora quer apenas voar tranquilo e só, consciente dos seus erros e percalços e sabendo que é até cruel ignorar a natureza, que lhe ordena fazer o que é normal, procurar membros femininos da sua espécie.

Este pássaro aprendeu a se soltar das síndromes e dos rótulos, e quer apenas voar.


[Nota do E.]: Este texto explica o novo título do blog... Inteligente sim, pseudo-cult e esnobe talvez. Um tanto blasé... Pero no mucho!

domingo, 29 de julho de 2007

Mais 'Trainspotting'

Foi necessário, essa cena é brilhante... E podem confiar em mim, a trilha sonora do filme é fantástica, album duplo com direito a David Bowie, Lou Reed [que está nesse trecho abaixo], Iggy Pop, New Order... Enfim, o melhor dos 80's e 90's, como bem retrata o filme.

E pra amanhã prometo posts novos. Sabem como é, o frio...





[o personagem 'Renton', de Ewan McGregor tem uma overdose de heroína]

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Blasé?

Como sempre estou mudando, cambiando, algumas coisas... Uma delas é o título do blog. Era necessário. Francês é uma língua que eu adoro, naturalmente. Línguas latinas são lindas, tem boa sonoridade e até mesmo suas complexidades são interessantes. Só que o título anterior, tenho que admitir, estava muito blasé! E aliás, blasé é algo que me define... Não é a toa que nasci no dia da Queda da Bastilha, sou meio francês sim... Hahahah
Nariz um pouco empinado [sem ter motivo], com aversão a muitas coisas, isolado... Enfim, agora está mais correto. Pero no mucho!

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Textos antigos: 'sem nome'

Time goes by, slowly
How slowly?
Like a big city
Like those people you'll never know
And you only care about in the news
But how many asks the same questions I do?
I believe that those sky can change
But what it mented, never will be forgotten
Could that orange thing far away from us
-but yet so close-
Change our lives?
Or that was supposed to happen anyway?
A little things that I can look at it now
And they mean much more than anything that went wrong

Now I can only remember the good things
Am I wrong or am I old?
Or still... Am I missing being missed?
I couldn't, and I wouldn't ask for anyone else
Like i won't ask for you again

Time goes by
And ours was that one
If I'm right then
It's not any wrong to feel that kind of feelings
It's only good thoughts about good times
And like I've never knew, but now I should say
Best time's are always now

If, and only if
We ever meet again, no matter when
I'll just want it
To look. Being looked
And then look again...
I'll be happy for everything back then


-
[escrito em Inglês pra dificultar o entendimento...]

terça-feira, 17 de julho de 2007

Era folha de papel...

Era inverno, era o presente
Era o futuro, era vislumbre
Eram os anos, eram os planos
Era o momento, era o acontecimento
Era o começo, era o fim
Era papel rasgado, era o papel picado
Era juntar os cacos, era colar as partes
Era apagar os traços, era reescrever os fatos
Era pegar uma folha nova
Era fazer do papel uma vida nova
Eram memórias, pra sempre serão.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Felicidade Hollywoodiana

É aquele tipo de felicidade nonsense, mas nonsense no sentido de não haver razão para tal. É o mocinho cantando e dançando na chuva porque a mocinha lhe deu um beijo de boa noite... É a formatura dos adolescentes achando que as coisas boas da vida apenas começaram [quando na verdade dali pra frente a coisa só tende a engrossar!]. É o torcedor de tal time pulando feito louco e pegando cervejas na geladeira pra comemorar a vitória do seu time, como se todo jogo fosse a final!

Enfim, é toda e qualquer felicidade desacompanhada de sentimento de culpa por estar feliz. Ou seja, a felicidade plena. [Deve ser por isso que foi inventada por ianques...]
Enquanto nos filmes europeus os personagens são andarilhos confusos, que têm em seus raros motivos para sorrir lembranças de coisas simples, a felicidade hollywoodiana é aquela de ganhar na lottery, atravessar de costa a costa num perfeito roadmovie por causa de uma garota [ou rapaz], com muitas confusões no caminho. Ou seja, a felicidade provinda de atos 'impossíveis', numa tentativa de lotar cinemas com uma bela história repleta de sentimentos mascarada pela 'vontade de inspirar as pessoas'.

Trocando em miúdos, particularmente prefiro a felicidade européia de ser. Primeiro porque tem muita 'latinidade' no jeito dos europeus demonstrarem sentimentos através do cinema. Segundo porque eles acertam nas coisas simples, e não nos efeitos especiais e atores consagrados...
E terceiro porque felicidade hollywoodiana sempre existiu e sempre existirá apenas em Hollywood.
[Graças a Deus...]


N.E.: agradecimentos à tal pessoa que me acendeu essa fagulha....

terça-feira, 10 de julho de 2007

Um rosto e três folhas de papel

Um rosto. Um caminho que eu percorria num sábado ensolarado [ou em qualquer dia de semana, mas estes mais corridos]. A espera pelo ônibus na avenida larga e feliz.
Em mim, várias expressões de esperança, felicidade, apreço. Os dias começavam frios e iam se acalorando, e eu ainda não tomava café a seco.
O sol, a calça dobrada até quase os joelhos, como era 'moda' se fazer na época. Tudo por um rosto, uma companhia, hoje mais do que nunca, uma lembrança.
Um telefonema, a expectativa. Vou correndo o quanto dá. O caminho já quase decorado, tudo familiar e agradável já a esta altura.
E então, fragmentos perdidos, jogados para eu mesmo fazer a ligação, no mundo em que o diretor sou eu.
No rosto um sorriso, na memória a lembrança dos corredores que pareciam mágicos, pois meu mundo mudara.
Algumas palavras, o rosto me fitando, e aparecem 3 folhas de papel. Não eram minhas, decerto. Não costumo fazer isso, mas me chamaram a atenção. Verei o que é.

3 sulfites azuis, a sua cor, dobradas ao meio. As pontas um pouco dobradas, talvez por causa do tempo em que elas estão ali. As abro... E no cabeçalho está meu nome.
E nas laterais meus vários e-mails [à época] e meu nome escrito em pé, deitado e de ponta-cabeça... E no corpo do texto alguns escritos perdidos, de um pra outro, de outro pra um. E mais anotações nas bordas. Sem dúvida, a sua letra.
E nas outras folhas, telefones, pequenos versos talvez, e dois nomes escritos. Eram, sem dúvida, os nossos.

Um rosto. Que não sai da cabeça porque talvez esteja mais fundo, em outro lugar. Um sorriso que não foi esquecido. Será que aqueles sonhos que trouxeram outrora a insônia voltaram?
Se for, desta vez não preciso mais não querer dormir. Vou me deixar sonhar...
Com a pretensão de quem já foi causa e efeito de outras confusões, sonhar que se lembre, ainda, de mim.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Barbarella

Como puderam perceber pelo post anterior eu agora vou postar também trechos e críticas de filmes que gosto... Agora vem Barbarella, que é uma mistura de ficção científica dos anos 60's, aventura e comédia com pitadas de erotismo, algo que era um enorme tabu à época, ainda mais tendo no papel principal uma atriz que era filha do lendário Henry Fonda, um ator que dificilmente errava na escolha dos seus papéis. E Jane Fonda acertou em cheio nesse filme. Está maravilhosa!


Confiram a cena inicial:

Trainspotting

"So why did I do it? I could offer a million answers - all false. The truth is that I'm a bad person. But, that's gonna change - I'm going to change. This is the last of that sort of thing. Now I'm cleaning up and I'm moving on, going straight and choosing life. I'm looking forward to it already. I'm gonna be just like you. The job, the family, the fucking big television. The washing machine, the car, the compact disc and electric tin opener, good health, low cholesterol, dental insurance, mortgage, starter home, leisure wear, luggage, three piece suite, DIY, game shows, junk food, children, walks in the park, nine to five, good at golf, washing the car, choice of sweaters, family Christmas, indexed pension, tax exemption, clearing gutters, getting by, looking ahead, the day you die."






Mais sobre o filme




[sensacional]

domingo, 1 de julho de 2007

A casa da Vila Granada...

Era uma casa bem-habitada. Não tinha riqueza, mas não importava. Ninguém podia reclamar não, porque fora construído um lar naquele terrenão. Ninguém podia deitar na rede, porque não havia ganchos na parede. Ao invés disso sempre havia ali o barulho do piano, sabiás cantando concorrendo com o bem-te-vi. Era repleta de fraternidade, construída com suor e empenho para a posteridade...

Um sobrado diferente, que ficava abaixo do nível da rua e ia descendo. E descendo mais, até encontrar a rua debaixo. No jardim enorme havia galinhas, pés de frutas, plantas e flores e até uma singela estufa. Lugar perfeito para os netos correrem, brincarem, se esfolarem e aprontarem durante anos.
Os almoços de domingo reuniam a família toda para comer o macarrão e as bracholas da Dona Amneris [com direito a molho branco pra quem não gostasse...] A cozinha era tão aconchegante que no processo de fazer o almoço se tornava um forno, e com a mesa posta todos corriam para se acomodar à mesa pequena para se deliciar. Os que não cabiam comiam com o prato na mão, ou então na escada. Isso pra não falar dos aniversários, quando o parabéns era cantado com as luzes apagadas e uma interminável e indecifrável cantoria que terminava com os risos de todos.
Os Natais eram sempre com aquela mesma árvore que não tinha folhas verdes mas era muito bem iluminada, e os presentes do amigo secreto forravam o chão ali perto. Toda reunião era uma festa, uma celebração.
E os anos se passaram, a casa eventualmente deixou de ser o local de reunião, depois voltou a ser, e finalmente se desvinculou da família. Mas a família continua aqui, e sempre irá continuar. Hoje, no dia da demolição do que é 'sólido', resta apenas o que é intangível, mas nos motiva a nos reunirmos sempre que possível. A casa da Vila Granada se foi, mas nos deixou a lição de que um lar nunca se desfaz se a família que o compõe é mais sólida que suas frágeis paredes.

Um salve para aqueles que do lado de lá sempre nos acompanham e nos guiam, independente de onde estivermos!

Reinventar [?] -parte 2

No anterior eu terminei falando sobre reorganização alimentar e hábitos de reciclagem. Agora vem a parte que eu mais gosto!
Quando se fala de 'moral' muita coisa vem à mente. Tentarei sintetizar pra não ficar amplo demais.
As propagandas hoje estão em um nível péssimo, horroroso e de muito mal gosto. Ou os publicitários perderam de vez o juízo ou então os bons se aposentaram e deram lugar a esta nova geração de pseudo-intelectuais formados em faculdades pagas [pelos pais], onde perambulavam mais pelos botecos do que nas aulas de Ética e principalmente de Língua Portuguesa. Eu tentei acumular as piores que tenho visto para comentar aqui, mas está difícil, visto que a cada dia [e sem exageros] aparece uma pior do que a anterior. Só pra citar top of mind, digo: a do novo Ford Fiesta [que numa pretensão enorme sentencia que pessoas diferenciadas têm que dirigir tal carro], a do VW Fox [que numa pretensão mais ridícula ainda diz que todo o mundo, veja bem, o mundo todo, tem que comprar seu carro porque assim o mundo será melhor], a maioria das propagandas de cerveja [que ainda insistem em atrelar a imagem do líquido a mulheres boazudas/siliconadas e pessoas que não existem. Outro dia, não sem quem foi, me disse que nunca viu essa gente de propaganda num boteco, só tem gente feia e bizarra. É evidente]. Enfim, pra resumir, as propagandas de hoje abusam da falta de ética e da imposição do consumo nas pessoas. E de fato conseguem, quase tão brilhantemente quanto as antigas mensagem subliminares da Coca-Cola nos cinemas no tempo em que não havia televisão...
A ética da Publicidade e das Companhias foi-se pras cucuias... E esse povo ainda tem a enorme cara de pau de pregar a 'liberdade de imprensa e expressão' perante o povo brasileiro. É tudo tão asqueroso que me dá alergia. E nojo, muito nojo dessas pessoas que manipulam as mentes fracas.
O que este parágrafo verborrágico quis dizer? Bem, quis dizer que ética hoje é algo em extinção, que não se transmite mais como valor familiar e por isso está fadada ao esquecimento ou asilo tão logo essa geração play-station se tornar adulta. Calafrios só de pensar que os adolescentes bitolados de hoje serão o 'futuro do Brasil'!
E é por isso que deixei pra falar sobre estes assuntos neste post. Porque conceitos morais estão extremamente ligados à transmissão do conhecimento para as gerações futuras. E isso não diz respeito apenas a familiares, pois professores são transmissores incansáveis de cultura e valores. Pena que estão cada vez mais esquecidos...
E cada vez mais mal-formados, cada vez mais desinteressados lá na faculdade, quando deviam aprender não só o conteúdo a se ensinar, como também a importância de transmitir bom comportamento e solidariedade aos alunos. E quero lembrar que felizmente ainda há exceções. Mas infelizmente poucas.
A isso se junta o 'nível dos alunos', que vai de mal a pior. Estão cada vez mais 'marginalizados' [os de escolas públicas] e cada vez mais mal educados pelos pais [os de colégio particular].
Tudo isso só contribui pra extinção de uma sociedade com interesses comuns e para a criação de uma na qual as pessoas são egoístas, egocêntricas e ambiciosas ao extremo, em detrimento do livre-arbítrio de pessoas que nada tem a ver com a ambição de poder e consumismo plantada por aqueles de quem falei lá em cima...
Com tudo isso no caldeirão que se chama 'sociedade', é cada vez mais difícil, e corajoso, o ato de se reinventar. E quem o faz é taxado e colocado sob suspeita pela tal 'sociedade' tal como era a fogueira da inquisição para os hereges [exageros a parte...].
E pensando bem, se eu ligasse para o que um conjunto de pessoas alienadas pensam, eu estaria bem magrinho, literalmente. E muito mais burro.


P.S.: Passarei, ao invés de escrever mil e um marcadores, a escrever alguns que sintetizem a coisa toda. [Acho que to pegando o jeito...]