sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Crônica de uma vida deturpada

Que E. Galeano me perdoe por ironizar seu título...


Uma sensação enorme de vazio. De perda de esperanças na raça humana, nos sonhos, no futuro... Embora sempre haja tempo e vontade de algumas pessoas. Descrença, desânimo, desgosto.
Talvez esta alergia demora um longo período a passar [se passar].
Outro dia vi um documentário sobre o Che. Pela primeira vez acho que consegui pensar o que ele pensou nos seus últimos minutos. É isso que estou sentindo.
Mas apesar da vontade de todo canceriano de morrer como mártir, me falta a aspiração a fazer algo de tamanha grandeza que mereça essa honrada morte. Não, a vontade é de partir desse mundo sem deixar nada pra trás, e de não levar nada comigo. Devaneio, talvez. Talvez os últimos devaneios que uma mente que vive a margem da insanidade e da criatividade consiga produzir. Tristeza, mesmo, e só.
Não aquela de chorar e de ficar se lamuriando sobre os porquês. Simplesmente o fim da linha, alguém que não consegue enxergar as lentas melhoras. Doce ironia, uma pessoa com sensibilidade tão aguçada desistindo de seus sentidos.
Cansei de ver pessoas insossas. De ver que as ruas têm movimento mas não têm vida. Talvez seja este meu problema também, e eu fujo. Talvez eu também não tenha vida, e inspiração para querê-la. E de fato, não gostaria mesmo. Seria bom que o mundo acabasse de sopetão, e no outro lado se resolvesse tudo. Ahh, mente egoísta!..
Feliz mesmo é imaginar que talvez a mesma decepção que ele teve eu tenha agora. Feliz sim, pois um admirador faz de tudo pra chegar perto de seus admirados, mudando até mesmo seu pensar.
Apenas decepção com tudo. Tentarei ouvir o que o silêncio me diz e averiguar se o ar puro já se tornou nocivo para mim.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Alergia

É como se mesmo as melhores pessoas do mundo não fossem capazes de serem boas companhias.
Tem dias que simplesmente bate uma alergia a seres humanos. Tudo é ruim, quase nada se aproveita.
Eventualmente, claro, passa.
E volta de novo depois.