terça-feira, 25 de setembro de 2007

Anti-síndrome de Estocolmo

Outrora as assombrações eram penosas. Perseguiam em sonhos, datas, devaneios. Quando o consciente não lhes dava atenção, buscava as armas do sub-consciente, que era bem mais cruel.
Mas mesmo as piores assombrações deixam de assustar, e eventualmente, acabou de fato acontecendo. Os fantasmas perdem força com o tempo, com os novos olhares, com as novas chances que o pensarpositivamente traz.
E, com o tempo, novos fantasmas podem surgir. Talvez menos cruéis, que não nos deixe tão paranóicos, insones, auto-destrutivos... E coisas do gênero.
Talvez assombrações viciantes. Que você teme, mas não pode ficar sem. Que se tortura quando te rodeiam, mas se sente melhor ao seu lado, quando te assombram, do que nas horas ou dias restantes em que não se manifestam.
E qual não é a dúvida do ser em questão assombrado em fazer algo mais para fazer parte da vida dos fantasmas... Mas fazer o que, e como? Fantasmas servem para isso mesmo, qualquer aproximação terá suas conseqüências, e estas indagações são uma tortura psicológica enorme.

Enfim, fantasmas já foram amedrontadores e torturadores... Hoje são um vício inexplicável.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Sumido!


- Oi! Tudo bem com você?.. Ta sumido!...

- Pois é. Estou sim.

- E o que tem feito?


- Nada.





[É assim que um desocupado se sente...]

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Review: 'Dolls'

Dolls, 2002. De Takeshi Kitano, aclamado diretor japonês. Um filme que foi premiado por sua direção de arte, iluminação e fotografia, mas seu principal triunfo foi o Leão de Ouro em Veneza, 2002. [cartazes abaixo]

 cartaz internacional



Faz quase um ano que eu vi o filme pela primeira vez, não sei por quê só fui ver de novo agora, mas isso me fez ver alguns detalhes que passam despercebidos quando se vê um filme cheio de beleza visual pela primeira vez.
E é isso que o filme tem. Detalhes maravilhosos, fotografia muito bela [comum em filmes orientais].
O título se explica no começo do filme, ao exibir um teatro de bonecos japoneses. Este teatro, muito tradicional por lá, sempre apresenta tragédias envolvendo os personagens, manipulados sempre por pessoas na frente do público.
É uma introdução para as três belas e tristes histórias de amor que o filme conta. Não recomendado para quem tem peso no coração, pois o filme é mesmo triste. E maravilhoso.

Abaixo, o trailer

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Desmemórias- capítulo 04

Ele esperava pela consulta no oculista. Vez ou outra sempre encontrava uma desculpa para ver o ex amigo de colégio, lhe perguntar sobre as cirurgias corretivas, os óculos novos... Mas na verdade eram mesmo desculpas. Ele ia lá, já há alguns meses, apenas para olhar a recepcionista/secretária. Tinha desenvolvido uma certa admiração por ela, bonita, de olhar bonito, mas com um algo mais indecifrável, engimático. E quão frustrante era algum desses dias em que passava por lá e não a encontrava, até decorar seu horário de trabalho. E ao cansarem, ambos, de trocas de olhares que eram como pontadas no coração, decidiu-se por esperá-la sair do consultório um certo dia.
A feição dela não era de surpresa. Talvez esperasse por isso, talvez quisesse ter feito algo mais para que ele entendesse sua mensagem. Mas não podia mais do que lançar seu olhar fixo e profundo, esperando dele uma palavra, uma atitude.
O rosto dela lhe povoou a mente por alguns dia. Aqueles cabelos caídos minuciosamente sobre os olhos, a pele branca, alva. Alguns dias com o cabelo solto, era a visão de seu dia.
Pensava nisso enquanto a esperava em frente ao estacionamento da clínica. Abordou-a, conversaram. Veio a carona, o café no barzinho, o jantar. E então, as baladas, as trocas de confidências, o 'relacionamento' estava montado. Tudo ao longo de vários meses, muito bem aproveitados por ambos. Se davam bem, viam-se duas ou três vezes por semana, dependendo de suas ocupações. Ele um freelancer em fotojornalismo, ela fazendo faculdade e trabalhando para pagá-la. Era o 'começo' de algo, nenhum dos dois se preocupava em aonde iria dar.

-

Deitado na areia ele lembrava de quando haviam se conhecido, dos dias em que ele ia ao consultório apenas para vê-la, sem ao menos contar para o seu amigo, patrão dela.
Pensava, sem saber por quê, no começo deles. Incomodava-lhe o fato de terem brigado, mas ele tinha uma leve impressão de que ainda poderiam resgatar o que tiveram antes. Tentava imaginar como lembrando de quando se conheceram. Ao sair do apartamento dela, na noite anterior, pegou o carro e desceu logo em seguida para a praia. Um 'apertamento' que conservava lá a duras penas, e que fôra muito frequentado quando o romance ainda era novo, mesmo sendo eles 'liberais', como gostavam de chamar.
Tinha quase uma certeza de que qualquer relacionamento que tivesse seria assim, penoso, se perguntando freqüentemente se aquilo que eles tinham não seria, de fato, o melhor e mais verdadeiro posssível.
Cansara de pensar. Sabia que não poderia ligar, depois da discussão de ontem. Também não queria ligar. Resolveu ficar o dia na praia, tentar pegar algumas ondas, limpar a mente para voltar com o espírito renovado para a conversa que teriam. Seria a última?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A madrugada é meu elemento

Hora de silêncio. Enqüanto [quase] todos descansam, só o ruído do computador ligado e das teclas batidas com afinco e calma, ao mesmo tempo.
Na rua o silêncio. A lua se o céu é claro, e se está nublado, não é de todo mal. Nos prédios quase nenhuma luz acesa, e as que persistem certamente pertencem a outros notívagos. Pessoas à parte do normal, transformam a noite em dia e dela aproveitam o máximo, ao custo de algumas horas de sono.
Um mundo paralelo que apenas se desenvolve enquanto a penumbra cobre as ruas. Os que em casa trabalham ou se divertem, os que do lado de fora preferem andar a pé, de preferência acompanhados de boas conversas e bebidas. Apenas o barulho profano de alguns carros e ônibus que insistem em dizer que a madrugada também tem vida.
A vida... Incrivelmente efervescente, abafada pelos clubes fechados de música absurdamente alta ou barzinhos de música ao vivo com pessoas que vivem da e para a madrugada;
Ou então reprimida pelos apelos dos que tentam dormir e se incomodam com o som dos passos e risadas daqueles que passeam pelas ruas. Aqueles que amam ainda mais a madrugada por ser transgressora, comportamental e moralmente horário de dormir, apenas.
Ser dela um amante não é tarefa fácil, e é recomendável aprender desde cedo, o que reforça seu caráter 'transgressor', pois jovens andando pela madrugada, numa mistura comumente de drogas e álcool geralmente não resulta em boas conseqüências. Mas há os que, felizmente, não se deixam levar pelo seu breu acobertante. Aprendem a aproveitá-la, horas escassas que fazem falta no dia seguinte.
É a hora de libertação. Os escravos do horário comercial podem relaxar, beber alguma coisa [a quantidade ou o teor alcóolico depende de cada um], falar palavrões com amigos [não em caráter desrespeitoso, apenas extravasando], andar sem rumo definido, mas principalmente, conversar: é quando cada um pode falar o que quiser, assunto importante ou não, sem se sentir vigiado, avaliado, julgado.
Os que vivem da/para a noite geralmente já estão acostumados com tais acontecimentos, sabem o que esperar de uma noitada e principalmente sabem do que falar. É como uma sociedade, com todas as suas camadas, inteligente e próspera. Os que têm o discernimento de avaliar detalhe por detalhe dos assuntos mais difíceis ou aqueles que não tem tal cultura, mas entendem na pele tudo o que se discute. É uma população aberta ao diálogo, algo que se perde nas horas loucas do dia ensolarado, quando todos querem e são obrigados a se comunicar rápido, a trabalhar rápido, a ser sempre mais rápido que o colega ao lado, depreciando assim as relações pessoais. Os escravos do horário comercial não se conhecem, e a madrugada, ao contrário, proporciona exatamente isso.
Resta aos amantes da madrugada uma vida paralela à normal. Por causa das horas perdidas de sono, geralmente são amantes do café e das bebidas estimulantes, além do álcool. São comumente associados a pessoas que vivem fora da lei [pelo menos a lei que consta no papel], estão acostumados a batidas policiais e chamados de 'apelidos' nada animadores, as vezes visto como vagabundos que nada melhor têm a fazer. Muito pelo contrário, olhando de perto, nesse horário encontraremos algumas das pessoas e idéias mais facinantes, um mundo [pelo menos imaginário] mais próspero e possível de funcionar do que o iluminado pelo sol e regido pelo dinheiro.
Ahh sim, o dinheiro. Necessário dia e noite, como não poderia deixar de ser. Bancos 24 horas que não funcionam depois da meia noite, luminosos alucinantes piscando pela cidade, convidando os passantes noite adentro [felizmente não há mais luminosos e propaganda na cidade de São Paulo]. Necessário, sim, mas não fundamental. Com qualquer 5 ou 10 reais, juntando moedas entre amigos e guardando apenas o necessário para voltar pra casa, pode-se divertir e encontrar por aí inspiração para conter os bocejos até o dia amanhecer, seja qual for o gosto de cada um.
O único pesar dessa vida é que a outra vida, a que costumam chamar de 'importante', é opressora e não vê com bons olhos aqueles que apreciam a noite. Uma pena, pois essa vitalidade e essas idéias que surgem na madrugada, único horário livre que os escravos podem se dedicar ao que realmente lhes interessa, que movem a sociedade-diurna-capitalista-selvagem;
Tudo o que estes notívagos gostariam, e este singelo narrador endossa, é uma sociedade que não ficasse presa ao relógio e ao céu, escuro ou claro, e sim vivesse desse céu. Parasse por alguns minutos para pensar que nós vivemos do mundo, e não o mundo vive de nós. Nós passaremos, mas o que vamos deixar?..

T. 14/09/2007

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Every Little Thing- 'Yura Yura"

Sem muita enrolação, mais uma bela música japonesa...
Enquanto eu não aprender a colocar apenas a música, vou postando os vídeos...

São duas versões, uma montagem que alguém fez, e a do encerramento do 2o filme de Inuyasha, aí a música não é completa... Espero que alguém goste!




terça-feira, 11 de setembro de 2007

Forte Vício

Vicioso. Seja qual for a ocasião, o traje, a situação. Percebe-se um alvo em potencial, apenas para testar. Fixa o olhar no alvo, de óculos escuros ou não, cabelos curtos ou compridos, com uma certa preferência para as cores escuras,  é verdade. Contando os segundos, intermináveis e ao mesmo tempo escassos... Se não retribuem, é só mais um motivo para tentar outra vez, com outro alvo.
Não se faz uma estatística do tipo [apenas aqueles que gostam de se gabar], mas sempre há um olhar correspondido. Talvez melhor que muitos esportes. Mais satisfação por um olhar e um sorriso do que o gol do próprio time, sem dúvida!
E não que isso seja motivo para se considerar um galã, longe disso. É apenas algo prazeiroso, revitalizante. No meio da multidão, alguém pensa o mesmo que você. Quem sabe, talvez, o olhar e o sorriso queiram dizer "Eu também não sou desse mundo. A gente ainda se esbarra"

Pode até ser devaneio... Que seja!
Vale a pena ser louco e viciado!

Fade-out

Take 1

Passos.
Em qualquer lugar, em qualquer ocasião.
Passos e pensamentos.
Decisões, perdas e ganhos.
Daqui pra frente nada é cem por cento.
Para chegar à fruta madura, há de se provar as que não tem gosto.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Review 'Closer'

Closer, 2004. De Mike Nichols, baseado numa peça de Patrick Marber, que assina também o roteiro. Com Julia Roberts, Jude Law, Natalie Portman e Clive Owen.

Para quem tem interesse em ver os percalços que qualquer relacionamento pode passar, independente do que a pessoa vive, se suas atitudes amorosas são corretas ou não. O trunfo do filme é mostrar que só o amor pode não bastar, e consegue fazer isso sem julgar as atitudes dos personagens, deixando isso para quem assiste. Além disso tudo, o elenco é sensacional. Não se pode deixar de ver!

Então, separei duas cenas que são aulas de cinema, a inicial e a final [quem não viu não se preocupe, não muda em nada saber esta cena].
Um exemplo de que uma bela música e um slow-motion combinam perfeitamente!



a música: Damien Rice- The Blower's Daghter

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...

Did I say that I love you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new


quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Fagulha

Substantivo


fa.gu.lha feminino

1. centelha
2. faísca




Uma centelha, algo a ser descrito, porém é apenas uma levíssima sugestão.
Uma faísca, como a que sai do isqueiro por raros segundos e desaparece como se não tivesse existido.
Fagulha, substantivo feminino. Representa uma inspiração, uma sugestão, algo pelo qual se deve buscar o melhor das palavras para descrever as idéias plantadas.
A própria fagulha tem singela beleza, rápida, não se mostra a todos. Ilumina rapidamente e torna ao seu repouso, deixando no seu alvo a admiração e o agradecimento.
Então, cabe a este alvo de uma certa bela fagulha o agradecimento, e a promessa de ser sempre alvo!

Suspiro

É aquilo que acontece quando você se desliga do que se passa ao redor e solta um ligeiro escape de respiração...
Chamaram de suspiro, que de tão calmo e sublime, virou doce.
Alguns supersticiosos dizem que suspirar é deixar a felicidade escapar, e que salvando os suspiros e colocando a mesma energia em outras tarefas, elas se realizam plenamente, e em desejos, que eles se cumprem.
Mas, quem nunca suspirou não sabe o quanto é bom!
Ali, deitado numa rede, ou encostado numa árvore, ouvindo pássaros cantar e se concentrando em não fazer nada, soltar um singelo suspiro...
Pode alguma felicidade escapar nisso?

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Fade-out

Introdução

Passos.
Podem ser silenciosos sobre um carpete
Intermináveis contra o granito de um corredor imenso
Ou abafados contra um gramado.
Mãos nos bolsos.
Ombros largos.

Vento nas costas se a grama é o cenário.
Cabelo contra o vento
Pensamentos contra o tempo.

Passos ecoados se o corredor é o seu estar.
Sapatos contra as paredes que ressonam seu andar
Conspirando com o acaso ao acreditar que fôra melhor assim.

Ou então silenciados pelo carpete.
Pés descalços se iludem julgando que o chão é de veludo
Na cabeça, monta-se o final de uma tragédia grega.

Céu, terra e mar.
Os cinco elementos, as quatro estações.
O ano novo, o aniversário, os feriados.
Os números.

Os olhos vão adiante da linha do horizonte.
Sem focalizar nada e ao mesmo tempo registrando tudo
Fade-out, focando e desfocando conforme sua vontade débil
Enxergam a tudo, e ao mesmo tempo a nada.
Contabilizam mil pensamentos, e os descartam com velocidade ainda maior.

T. 03/09/2007


-
Fade-out,
descrição em inglês;

domingo, 2 de setembro de 2007

Desmemórias- capítulo 03

Era uma ligeira discussão, começada por alguma diferença de opiniões. Ele resmungou inocentemente algumas ironias sobre a 'comédia romântica' que assistiam. Ela não gostou. Pediu para que ele não fizesse isso, como se ele não o fizesse sempre, e como se pararia de fazer.
Ele se recolheu de perto dela, desencostando e deixando a cabeceira do sofá, algo que desagradou ainda mais.
Ela levantou, perguntou-lhe por que ele precisava fazer sempre a mesma coisa [desagradável].
Ele respondeu que os hábitos do 'casal' é que deviam mudar, não apenas os dele. Começava um caminho sem volta...

- Sempre os mesmos filmes, sempre a mesma coisa, eu venho aqui, você vai no meu apê. Já caímos na rotina, não adianta. E você sabia que isso ia acontecer! -disse ele como se não houvesse o que contra-argumentar.
- Ahh, me desculpe se tudo ficou monótono pra você, senhor "quero ficar em casa"! -respondeu- Eu te chamo pro cinema, falo pra me pegar no trabalho, invento algo diferente pra cozinhar... E você me diz que a gente caiu na rotina?.. Tem certeza que quer discutir isso?
- Minha cara... Desde o começo. Desde o começo a gente ficou de acordo, não foi? Sabíamos que um namoro comum não ia levar a nada. E era muito bom, você não pode dizer o contrário... Nos vemos de vez em quando, não dá pra enjoar do outro, não tem intimidade excessiva, não tem compromisso. Você no seu canto e eu no meu, tava tudo ótimo! Isso que se chama relação aberta.
[ela tenta interromper e ele continua]
- Mas o que acontece com o tempo?.. A gente acomoda. Mesmo a gente que não tem nada. Você sai menos com as suas amigas pra se divertir, eu desisto de sair pra conhecer alguém novo porque vou ter que te ligar pedindo pra não vir pra cá... Não tem escapatória! Acabamos dormindo cada fim de semana na casa do outro como dois namorados. Pra quê continuar com isso? As pessoas cansam umas das outras, não tem nada de errado nisso e você sabe.
[lágrimas nos olhos dela começam a aparecer]
- Você é insensível cara... Como pode?
- Você sempre soube disso -diz ele, com certa surpresa e reticência- e retoma-
Desde o começo a gente não queria se apegar. Eu avisei e você concordou... Ou talvez foi o contrário...
- Não precisa repetir o que eu disse ou deixei de dizer! Claro que eu concordei, eu não sou burra, não me trate como tal! Mas você quer levar essa vida de solteiro até quando? Não tem ambição? Não vai querer uma família como a que você teve e se distanciou? Por que tudo isso? É tão egoísta assim?? -diz ela tentando esconder os olhos úmidos-
- O que eu escolhi pra mim não tem nada a ver com nós dois...
- Tem tudo a ver! -interrompe ela- Você não percebe... Acha que pode viver assim pra sempre?..
- O que tem a ver o jeito que eu vivo minha vida?.. Qual é o objetivo dessa conversa?
Se você não sabe, eu sei. Tá mais do que claro que nosso tempo passou. A gente se dá bem, claro... Mas assim não pode continuar. Melhor cada um pro seu canto... Se você achar que a gente deve se ver, me liga daqui uns dias... Não tem outra coisa pra fazer... -sentencia ele-
- Cara, eu sabia que você era egoísta, mas você é muito complexado! -ironiza ela, secando as lágrimas- Quem te fez mal hein?.. Alguém te ignorou e agora você desconta em todo mundo ?
- Não dê uma de terapeuta agora... Vai falar coisas pra se arrepender depois?.. Pois então continua sozinha, eu to indo pra casa... -e caminha para a porta, rapidamente pegando sua jaqueta e suas chaves -
- Cara, uma hora você não vai ter mais quem te queira... Resolve o teu passado antes que não sobre mais nada. -ela finalmente se cala, após deixá-lo abrir a porta-

E ele vê a conversa terminar com um gosto amargo na garganta. Perdera a discussão. Não que valesse algo, mas ela tinha razão, e isso o desagradava. Não gostava de perder.
Saiu caminhando pelos corredores e elevadores com o olhar distante, desfocado, sem fixar em coisa alguma. Não queria pensar em nada, ela tinha razão. 'Que se dane!', pensou...


-
Observação: O número de capítulos, bem como sua ordem, poderá ser alterado conforme eu escrever... No próximo capítulo eu começo a 'ordená-los' corretamente ;]