domingo, 18 de outubro de 2009

The Time Traveler's Wife (2009)- Official Trailer

Official HD Trailer

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time_travelers_wife.jpg (imagem JPEG, 1010×1500 pixels) - Redimensionada (49%)

Official Poster

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The Time Traveler's Wife

Well, yesterday seing the daily news on Twitter, as usual, I got this movie review by UOL Cinema [a popular web portal in Brazil]. Every friday I glance at the premiéres to find out if there is something that interests me, even though I am a movie buff denatured ...

I saw the story about "The Time Traveler's Wife" [note: POOR name in Portuguese- "I Will Love You Forever". It's almost an insult to the viewer to be treated as part of a public that only knows how to pick movies by name, or books by the cover].

Apart from the infamous name, saw the photos and read the review about the movie. I never give a damn about criticism, because critics are failed filmmakers / wannabes. As I read I learn more about the film and the plot, because that's how I choose a movie to go to the movies. Since I really like subjects like time travels [is always something interesting] and also the cast was something really good -Rachel McAdams, which dispenses praise and also a bit of curiosity to see if Eric Bana is a really good actor, I went to the movies.

I endured very patient over an hour waiting for the film session. The public was good, almost crowded room, an SOB behind me kicking my chair and with his nextel on -which by the way, rang at the end of the movie... Anyway, back to the movie -which my friend Karen seems to have hated- I'll say what I think about it ...

I spent the whole movie trying to decipher and anticipate the 'puzzle' proposed, after all, when talking about time travel, the subject 'change the past / future' is always there, pardon the pun ...

I got, think, successfully knowing what would happen and what was -REALLY-happening. The funny thing was to hear comments [specially from the sob behind me] wondering what was happening there and I understanding very well the film.

The first part is devoted to the novel- the ROMANCE I mean, cause I havent' read the book- and the second to the 'drama' about the story. Worked well-run, avoided the cliches, a good movie for all ages [something that the infamous name in Portuguese can spoil]. Anyway, I love watching movies with themes to digest, decipher things to discuss after seeing it, and I think that is what I will do now ...

Just to add something I forgot on the Portuguese post: Eric Bana, now, really convinced me. Or maybe -maybe- its Rachel that captivated him. I wouldn't doubt it...

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A Esposa do Viajante do Tempo [seria bom se assim fosse]

Bem, ontem ao ver as notícias do dia no twitter, o normal de sempre, recebo as estréias da semana pelo UOL Cinema. Toda 6a feira eu olho pra ver se há algo que me interesse, ainda que eu seja um cinéfilo desnaturado...

E vi a matéria sobre "Te Amarei Para Sempre" [nota: PÉSSIMO nome em Português. Chega a ser uma ofensa para com o expectador ser tratado como parte de um público burro que só sabe escolher filmes pelo nome, ou livros pela capa].

Aparte do nome infame, vi as fotos e li a resenha sobre o filme. Eu nunca dou a mínima para críticas, pois críticos são cineastas fracassados/wannabes. As leio para saber mais sobre o filme e o enredo, porque é assim que eu escolho um filme para ir no Cinema. Li, achei interessante o tema sobre viagens no tempo [sempre me é interessante algo assim], além disso tinha no elenco Rachel McAdams, que dispensa elogios, e também um pingo de curiosidade para averiguar se Eric Bana é realmente um bom ator.

Aguentei muito paciente mais de uma hora de espera pela sessão do filme. Um público até muito bom, sala quase lotada, um fdp atrás de mim chutando a minha cadeira e com o nextel ligado, que justamente no fim, apitou... Bom, voltando ao filme, já que minha amiga Karen parece ter detestado eu digo o que achei...

Passei o filme todo tentando decifrar e antecipar os 'quebra-cabeças' propostos, afinal, quando se fala de viagens no tempo, o assunto 'mudar o passado/futuro' é sempre presente, com o perdão do trocadilho...

Consegui, penso eu, com sucesso saber o que ia acontecer e o que estava -de fato- acontecendo. Engraçado era ouvir comentários [principalmente do fdp atrás de mim] se perguntando o que estava acontecendo, e eu lá entendendo muito bem o filme.

A primeira parte é mais dedicada ao romance, a segunda ao drama. Achei bem conduzido, evitou os clichês, um bom filme para todas as idades [algo que o infame nome em português pode estragar]. Enfim, adoro ver filmes com temas para digerir, coisas a se decifrar, discutir após vê-lo, e acho que é isso que farei agora...

Àqueles que gostam de romance ou drama, eu recomendo. É muito bom.

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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Brand new

Just testing, yet. But promise posting in english and portuguese. This blog will be just for myself, because I like to writing, but everyone are welcome to read, commenting and suggesting anything. Welcome :]

 

Apenas testando, ainda. Mas prometo postar em Inglês e Português. Este blog será apenas para mim, porque gosto de escrever, mas todos são bem-vindos para ler, comentar e sugerir qualquer coisa. Bem-vindos :]

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domingo, 27 de setembro de 2009

Desmemórias- capítulo 10

Mais um quarteirão a frente, restavam apenas dois ou três. Passaram em frente ao shopping/cinema, e comentando os cartazes dos filmes novamente discordavam um do outro.

Ao atravessarem a avenida conhecida por ‘casas de entretenimento adulto’ [e nem sempre apenas servidas de mulheres], as piadas foram inevitáveis: ela disse-lhe que ele estaria morrendo de vontade de entrar em alguma ‘casa’ daquelas. Ele respondeu com um cinismo, perguntando se não era por ali que ela trabalhava... Ganhou mais um beliscão, dessa vez no outro braço.

Perto do último quarteirão, faltando cinco minutos pra meia-noite, passaram em frente a uma entrada do metrô. Ele olhou, e disse a ela em um tom um tanto pessimista que quando passassem pela mesma entrada no outro lado, já passaria da meia-noite, portanto talvez não desse tempo dela pegá-lo. “Preocupado com isso?”, perguntou ela, sem ouvir resposta. Ele apontava para um café, do outro lado da avenida, como o ‘ponto final’ para a decisão de ambos. Ela concordou.

O nervosismo e a pressa inexplicável fez ambos queimarem a língua. Meia-noite, um, dois, três, quatro, cinco minutos. Se olharam, e sem se falarem andaram mais poucos metrôs. “Pára”, disse ela.

- Então... É o fim da noite, certo? –perguntou a garota-

- Bom... O fim é. Mas qual fim?

Ela pediu a ele que fechasse os olhos, ele o fez prevendo um beijo.

Ouviu a voz dela um pouco a frente dizendo alto “Pode abrir!” E percebeu que ela caminhava em direção ao metrô, prestes a fechar.

Conformado, porém com uma ponta de decepção ele deu poucos passos até a direção dela, que caminhava de costas, olhando a reação dele. Falou alto, contrariando seu próprio gosto, perguntando “Então é assim?!”. Ao longe, a garota exclamou “Ah, esqueci uma coisa!..”


Caminhou novamente na direção dele, deu-lhe um rápido beijo na bochecha, esfregou a pequena mancha de batom e disse “Você ta me devendo um encontro amanhã à tarde, esqueceu?!”. E virou as costas de uma vez, correndo para a escadaria do metrô.

Desmemórias- capítulo 09

Entraram em uma livraria, não sabendo quem deu a idéia primeiro. Lá eles novamente compararam gostos, nem tão diferentes assim, mas que provocava piadas. Dicionários, CDs e DVDs a parte, riram bastante, ainda sem perder a ironia mútua. Estranharam a movimentação da loja diminuir, e perceberam que estava fechando. “22 horas!”, ouviram de um funcionário da loja, e exclamaram ambos com um leve suspiro “Nossa, mas já?..”. “Fazer o que, voltar outro dia”, disse ele sem notar o ‘planejamento’ do próximo encontro, o que ela também não notou...

Andando mais alguns metros ambos decidiram que era uma boa hora para parar e sentar um pouco. E decidiram juntos, sem comentários irônicos. Em frente a um desses bares com cadeiras na calçada sentaram. Assim que veio o garçom, ele pediu uma cerveja, julgando que ela o acompanharia. Ela pediu um açaí.

Tomou a cerveja sozinho, sob os olhares e comentários de desaprovação dela, que dizia que a essa altura não voltaria com ele nem para implorar uma carona, por causa do álcool... Ele então pediu algo calórico pra comer, e ouviu novamente comentários sobre aquilo. “Ta servida?”, perguntou-a quase colocando o lanche em sua boca...

Conversaram mesmo assim, menos irônicos, ele comentando sobre os tempos de faculdades e noites intermináveis de festas, e ela sobre conciliar estágio, faculdade e festas. Em nenhum momento, estranhamente, comentavam sobre relacionamentos.

Quando ambos estavam satisfeitos, a preguiça parecia bater. Talvez o momento mais arriscado da noite também, o comodismo da situação, uma ponta de sono mais por causa do cansaço acumulado da semana, e a vontade de dormir pela manhã inteira no domingo. Ambos pensavam e disfarçavam imaginando que o outro não perceberia. Até reunirem coragem para seguir a caminhada.

O relógio marcava cerca de quinze minutos pras 23 horas. Mas ambos não saberiam, evitavam olhá-lo, talvez por ansiedade, talvez por temê-lo.

Havia no quarteirão seguinte um belo, ainda que pequeno parque. Aberto até quase meia noite aos finais de semana. “Nem louca eu vou entrar aí! Quer ser assaltado vai sozinho!”, disse ela. “Dureza, pára de se preocupar tanto garota, não estamos aqui? O que tiver que ser, será. Qualquer coisa é só gritar bem forte ok? Acho que você deve conseguir com essa voz...” Assim, convenceu-a, muito relutante e um pouco frustrada por não ditar agora as cartas do jogo.

“Um ninho de mata-atlântica incrustado no meio da mais movimentada avenida da cidade”, definiu o parque à garota, que provavelmente já o conhecia, ao menos de passagem. “É, eu sei. Mas sabia que eu nunca tinha entrado aqui?”, respondeu ela esclarecendo a dúvida. E andaram pelas ruelas calçadas de pedras antigas, como o antigo pavimento das calçadas da avenida. Passaram por árvores, ouviram corujas cantando. Até mesmo o clima ali dentro mudava, e ela sentiu um pequeno desconforto por causa da brisa fria. “É por causa das copas das árvores, que são enormes. Aqui dentro a temperatura abaixa mesmo”, explicou ele, acrescentando para não deixar a cutucada de lado “Quem mandou vir vestida assim né?!”. “Hahah engraçadinho. Vamos andando que assim esquenta...”

Pararam sobre a pequena ponte que ligava as duas extremidades do parque, com uma rua passando por baixo. Encostaram ali e ficaram apenas observando os carros. O tempo, a essa altura, era algo que não existia. Ao menos na cabeça de ambos ele parecia parar.

“É muito estranho esse bando de gente, esse bando de carro, não é?”, “disse ela, sem dirigir-lhe o olhar, direcionando o mesmo para a multidão de faróis, buzinas, freadas e aceleradas.”

Ela havia tocado num ponto em que ele tinha uma opinião mais do que formada, e irredutível, que sempre provocava discussões com quem se atrevesse a lhe falar o contrário.

- Bom, você sabe, eu sou fotógrafo. Apesar de às vezes parecer ridículo trabalhar em festa de casamento ou alguma comemoração de gente rica e metida, eu sempre vou preferir tirar fotos de pessoas do que de paisagens.

- Por quê? –perguntou ela em tom sereno-

- Simples. Porque têm vida. Não há nada como uma boa expressão. Triste ou alegre é um sinal de vida. Claro que eu tiro as minhas fotos de paisagens, e gosto delas, mas é o que eu penso, e disso não vou abrir mão.

- É, até que faz sentido...

Saíram dali, caminharam para a parte sul do parque. Estavam se dando bem, se é que em algum momento da noite as ironias mútuas significavam o contrário.

Mais uns minutos andando e tentando ler as espécies de árvores e plantas com a luz que não era claramente necessária para aquilo, ouviram os apitos do pessoal da segurança do parque, junto com os avisos de que fechariam em dez minutos. Demoraram mais cinco até sair, e demorariam dez se não fossem os constantes apitos que lhes perturbavam, tamanha era a tranqüilidade que sentiam ali dentro.

Pouco antes de saírem, sem parar de andar, ele apontou para um dos bancos dizendo:

- Esse banco aí... Na época da faculdade eu saía do estágio, que era aqui perto, e vinha aqui pro parque estudar. Muitas vezes acabava dormindo aí.

- E nunca te aconteceu nada?! -perguntou ela espantada-

- Que nada. A gente tem o costume de achar que tudo é perigoso. O terror da nossa vida é a gente mesmo quem faz. Por isso ficar dentro de casa é perigoso, a gente se sente seguro e que nada mais se compara àquilo...

- Não quero parecer intrometida... Mas parece que você fala por experiência própria... –disse ela totalmente polida e até temendo uma reação mais intempestiva dele-

- Olha... –pausando a fala- Não vou negar que passei algumas poucas e boas. Mas... Quem não passou né?

Ela percebeu uma leve hesitação dele em falar sobre o assunto, e não quis insistir. O parque fechava os portões às costas deles. 23h45min. Consultaram o relógio, dando a impressão de que faziam isso apenas para saber que era este o horário de fechamento dele, um bom programa noturno pra quem quer apenas espairecer e observar.

Desmemórias- capítulo 08

- E agora, pra onde? –perguntou ele-

- É o seguinte, agora posso te explicar, e se você não aceitar os termos podemos nos despedir agora mesmo... –respondeu a garota demonstrando uma autoconfiança que beirava a arrogância-

- Eu estou de acordo, acho tudo isso muito estranho, mas vamos lá...

- Então. Nós vamos dar algumas voltas na avenida. Quantas voltas e o que a gente vai fazer por aqui só depende da vontade de nós dois. Se até meia-noite nossos gostos não combinarem ou na pior das hipóteses, um de nós não quiser mais ver a cara do outro, viramos as costas e eu pego um metrô pra ir embora. Combinados?

- Meia-noite? Tudo isso?.. –disse ele claramente provocando-a –

- Isso mesmo, topas ou não?

- Garota, você está prestes a passar às quatro horas mais longas da tua vida...

Claramente os dois gostavam de se provocar, desde o princípio, quando foi marcado o encontro duplo ao telefone. Havia uma tensão no ar que só aumentava com as constantes piadas em relação um ao outro, e até aquele momento ambos pareciam não ter uma opinião definida sobre o outro.

Começaram o passeio partindo do meio da avenida até o início. Passaram em frente a alguns barzinhos, botecos com cadeiras na rua, pessoas bebendo e fumando do lado de fora. Ele comentou algo irônico a respeito da lei, dando graças a Deus pela mesma, no que ela retrucou-lhe irritada, dizendo que era absurdo, inconstitucional e outras coisas do tipo. “Você fuma?”, perguntou ele, já prevendo pontuação recorde negativa para ela em caso de afirmação. “Não, mas constitucionalmente eu tenho o direito de fumar aonde eu quiser, se eu quiser!”. Ele riu como se não acreditasse no que havia ouvido. “Você é uma figurinha mesmo garota!”, evitando sempre dizer o nome dela.

Passaram por uma banca ainda aberta, ela entrou sem se importar se ele viria atrás. Comprou uma revista de ciência e outra de palavras-cruzadas. “Pra que isso?”, perguntou ele. “Se ficar muito chato falar com você eu tenho algo pra fazer!”. Ele não ficava mais irritado com as tiradas dela, apenas ria ironicamente de volta. Quem os visse naquele momento não saberia dizer se eram namorados ou ex-namorados acorrentados andando juntos à força...

Passaram em frente a um espaço cultural, já perto do começo da avenida, no Paraíso. Ela disse que deviam ir ali qualquer dia “isto é, se a gente voltar a se ver” pelas suas próprias palavras.

- Pronto, estamos no começo. E agora voltamos pelo outro sentido?

- Isso mesmo garoto, está aprendendo...

Atravessaram a rua. Passaram ambos alguns cinco minutos calados, talvez em pensamentos próprios.

- Sabe de uma coisa interessante? –perguntou ele como se esquecesse quem estava com ele-

- Diga, mudinho. –respondeu lhe fazendo lembrar-se disso...

- Ah, esquece! Tudo pra você é piada não é mesmo? –demonstrando novamente estar contrariado-

- Ahh quanto drama. Estou interessada, diga, sim? –tocando de leve o braço dele, no primeiro sinal gentil daquela noite-

Fazendo uma pequena pausa ele retomou:

- Eu tenho dificuldade de andar aqui.

- Por quê?

- Porque é uma avenida larga, enorme. Eu vivo de tirar fotos né, então eu olho pra todos os cantos. Mas aqui eu tenho que olhar pro lado, pra cima, pro outro lado, tudo ao mesmo tempo. As imagens se misturam, bagunça tudo...

- Os pensamentos também? –respondeu ela-

- Como assim?

- Oras, é como sua câmera. As imagens vêm, passam por uma lente e sai o resultado final, a foto.

- Humm.

- Isso mostra que você não é uma máquina que capta algo e emite um relatório pronto, perfeito na hora. Tem que pensar a respeito do que vê, às vezes pode ver milhões de vezes e ainda assim não conseguir dizer por que gosta ou não gosta daquilo.

- Impressão minha ou você filosofou agora? –desta vez ele que deu a tirada sobre o que ela disse-

- Hahah, sim, talvez. De Filósofo e louco a essa hora todo mundo tem um pouco né? Aliás, que horas são?

- 21h15min.

- Estamos aqui há uns 40 minutos, é isso?

- Basicamente. A não ser que os últimos 38 de patadas e ironias não contem... –disse, fazendo-a rir como até então não havia feito.

Passaram alguns minutos apenas comentando os tipos estranhos que viam, e seus modos de se vestirem. Sábado à noite na maior e mais fervilhante avenida da cidade, e estavam num encontro que não se podia definir o que era, e aonde daria.

Talvez sem notarem, iam engatando pequenas conversas. Ele lhe perguntava sobre o trabalho dela, e ela sobre as fotografias dele. “Já fiz um evento aqui, e ali, e ali...” dizia ele, até ela cortar o que estava falando para apontar alguma coisa e fazer um comentário ácido ou humorado. Ele começava a se acostumar. “Com você do lado eu tenho que falar frases de 140 caracteres...” disse ironicamente a ela, que percebendo o trocadilho riu bastante. “Você vê uma imagem e clica, mudo, observando. A minha forma de observar é falando!”, disse ela, reforçando a diferença. “Ok, mas não precisa apontar né...”

Passaram em frente ao ponto de partida, o estacionamento. Ela apontou para o carro dele e disse “Se quiser fugir ainda dá tempo, hein? Daqui até o fim da avenida você pode ficar em perigo!”. “Perigo...”, gracejou ele. “Com esse tamanho todo?..”. [Apesar dela não ser exatamente baixa, e sim ele alto]. Após isso ela deu-lhe um beliscão que deve ter doído...

Desmemórias- capítulo 07

Nada poderia ser pior...” Ele pensou. O motivo: a chuva torrencial que pegou ele e a amiga do amigo de surpresa.

Estavam se falando praticamente pela primeira vez, quase dois desconhecidos, aproximados por um amigo [da onça] em comum. Para tentar quebrar o gelo da situação inusitada, ele sugeriu a ela, ao telefone, que fizessem no mesmo dia dois programas: um que ele sugerisse e outro que ela assim o fizesse. Como ‘brincadeira’, ambos anotariam mentalmente pontos que gostassem e não gostassem em ambos os encontros. Caso desse certo, sairiam outra vez... Ela gostou dessa estranha sugestão, e talvez por ser mesmo diferente do usual, concordou.

Ele escolheu o dia, e ela a noite. Ele então a levou para uma escalada em um dos picos nas redondezas da cidade. Em seu próprio carro, que a contragosto resolveu comprar e estava pagando a duras penas...

Mas a surpresa foi que no meio do caminho o céu nublado que ele de forma otimista dizia que iria abrir, na verdade despencou. Teve que encostar o carro, e esperar. Não sabia o que dizer, a não ser reclamar da chuva e xingar, ainda que se contendo na frente dela. E ela ria...

Isso não o agradava, nada o agradava, mas ao pensar que não havia o que fazer, e que devia ser mais gentil com ela, se conformou... Ela sugeriu o rádio, e ficaram alguns minutos discutindo um o gosto do outro, em meio a risos. Até ela desligar o som, aparentemente só para provocá-lo. Ele não se importou, e perguntou a ela “E agora? Com essa chuva vamos ter que voltar, já era a nossa escalada!..”

Ela concordou, já que a chuva parecia diminuir, ao menos o granizo acabara. Ele perguntou se devia deixá-la em casa, ela disse que sim, mas sem o deixar esquecer que a noite fariam o que ela havia programado.

Ele pensava que a garota era dura na queda, não dava o braço a torcer em nada –assim como ele- e tinha uma personalidade marcante. E ao mesmo tempo parecia insistir em provocá-lo, o que ele não sabia ser apenas por diversão ou para ganhar sua atenção. Por causa dessa intriga esboçou um sorriso mínimo, imaginando o que viria noite adentro.

Deixou-a na portaria do prédio, ouvindo dela mais um lembrete de não se esquecer de pegá-la às 20hs, com um leve tom de ironia na palavra ‘esquecer’...

Então ele assim o fez. Pontualmente, algo que ele mesmo não gostava, se prender aos ponteiros do relógio, se prender a horários de outras pessoas... A noite era quente, mas mesmo assim ele se arrumou considerando que ela escolheria uma balada qualquer, com calça jeans e camiseta, formal como sempre. Interfonou, ela avisou que estava descendo e em poucos minutos estava em frente do carro dele, de shorts, camiseta e tênis... “Você vai assim?!” Perguntou, sem conseguir disfarçar o espanto. “Você não sabe aonde vamos!..” Respondeu ela sem deixar a ironia de lado. “Ta bom então”. Um pouco contrariado ele sequer abriu a porta pra ela, que o fez sozinha, ligou o carro e saiu. “Pra onde vamos?”, perguntou novamente. “Pra avenida.”, respondeu ela, indicando a avenida mais movimentada da cidade e fazendo-o virar o pescoço com estranheza novamente. Chegaram ao local, ela sugeriu que ele parasse em algum estacionamento 24hs, e ele o fez, quase ao meio da avenida de mais de um quilômetro de extensão.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Do Meu Jardim

É preciso sol, é preciso chuva
Dias passarem, muitos dias as vezes
Deixar pra trás os que não foram proveitosos
Esperar que o próximo traga aquilo que é necessário
Crescer, fortificar suas raízes
As vezes olhando para os que estão ao seu lado
Mais alegres, mais radiantes, apontando pro sol
E mesmo assim não desanimar, nem invejar
De fato, a natureza traz alguns mistérios
Como a flor que demora meses a abrir
A árvore que leva anos a crescer
E sua florada dura as vezes mais de uma estação
Então eu pacientemente continuo a regar
Pois, das flores do meu jardim
Esta é a que mais ansiosamente espero ver

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Desmemórias- capítulo antepenúltimo

Ele voltou da praia, e para sua surpresa, ela mesma foi quem tomou a iniciativa de procurá-lo. E terminarem por ali. Ela deu a desculpa de que a faculdade estava difícil e teria que se concentrar nos estudos, e ele não se esforçou para pensar se seria verdade ou não. Respirariam ambos.
E nos dias e semanas seguintes foram, lentamente, buscando coisas um do outro em seus apartamentos. E para ambos, a impressão de que quando algo assim acaba tudo se torna insignificante a ponto de trazer lembranças tolas. E são essas as que mais machucam por sua falta.
Mais alguns dias, semanas, meses se passam. Ele sentia um vazio que o tornava um robô. Ela, pelo que ele soube de algum amigo em comum, estava namorando. Ficou contente. Ainda achava que era o que ela merecia, se julgava jamais poder se confiar a alguém de novo. Mas quando esses pensamentos solitários batiam, lembrava do dia no cemitério, e do céu cinza, e pensava consigo mesmo que precisaria, de qualquer jeito, encontrar algo que lhe fizesse sorrir. Não sorrir o tempo todo como a fase juvenil lhe proporcionava, mas algo que lhe desse prazer além do período em que estava com a câmera na mão, captando não só momentos, como sentimentos do que via. Precisava se sentir vivo, e foi se aventurar a clicar esportes radicais. Nesse meio tempo continuava os trabalhos casuais, e foi na cobertura de uma festa [o que ele mais detestava] que encontrou alguns amigos da época do cursinho.
Houve alguns abraços. Perguntas de um lado e de outro, quando a resposta “Na verdade to trabalhando aqui hoje” surpreendeu a todos. Não poderiam reeditar as conversas e baladas de anos atrás. Mas trocaram telefones. Nem ao menos chegaram a perguntar a ele sobre a antiga namorada. E nem poderiam, não caberia para o momento, um ano e pouco depois.
Fato é que ele, procurando ser o oposto do que vinha sendo, ligou para o amigo, num sábado pela manhã. Acordou-o e se desculpou, ouvindo do outro como fora a noite anterior, e como ele fez falta no recinto. “Eu fiz falta? Explica isso!”, perguntou, quando ouviu do outro a resposta: a amiga da sua acompanhante estava sozinha, havia levado um fora do ficante e só soube disso ao notar que ele não iria aparecer... E quem salvou a noite foi o amigo de cursinho, falando dele, um fotógrafo, cara simpático, meio fechadão, mas boa pinta. A garota, ainda num leve desânimo, concordou... Se o próprio não achasse aquilo patético demais...

Desmemórias- capítulo 06

Apenas algumas horas após retornar da praia ele não queria ficar só, muito menos no apartamento vazio. Apenas deixou a mochila, e devolveu o carro.
Da casa do amigo andou uns vinte minutos a pé. A princípio sem rumo definido, mas seus passos o levavam automaticamente até lá. O cinema no centro, onde tantas vezes eles foram juntos, as vezes matando aulas do cursinho.
Olhou o movimento e finalmente se decidiu a apenas sentar-se numa mesinha do café. Pediu um. Ali não haviam bebidas pra batizá-lo. Conformou-se com o café quase amargo. Ela gostava doce. Ele queria parar de pensar, mas, se o fizesse, não seria desrespeito?..
Ficou ali um bom tempo. Passadas umas dezenas de minutos até conseguia esboçar um sorriso, com o sol do inverno lhe fazendo tirar o cachecol, que ela ensinou-o a gostar. Mais alguns minutos e ouvia os comentários cruzados das pessoas que saíam de uma sessão recém-terminada. Alguns falavam em “destino”, outros em como o filme foi previsível, algumas jovens se encantavam com a história. Nada que ele não conhecesse, já havia passado por todos esses tipos de comentários quando saíam juntos de lá.
E lembrou, ainda que se esforçando para ser a última que dedicaria a ela pelo menos naquele momento, de uma das últimas conversas antes da separação forçada por causa da faculdade:

- Você vai... Diz que vamos nos ver, nos falar, mas chegando lá é outro mundo!
- Há quantos anos estamos juntos? –perguntou ela-
- Você sabe bem!
- Então você não acha que isso é o bastante pra confiarmos um no outro?
- A gente diz isso agora. Facul é só balada, é gente nova, e a gente ta brigando há uma semana por causa disso. Não dá, não dá pra ser assim desculpa!


Ele sentenciou o fim. Ele não deixou resposta para ela. Ele mesmo imaginou a vida de ambos juntos de mil maneiras diferentes... E não chegou a dizer isso. Deixou acabar, consumido pela amargura. E agora, era só arrependimento. Por mais que quisesse buscar coisas ruins dela para lembrar, não conseguia: apenas lembrava de seus erros. E assim levou os próximos meses...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mais Ludov vem aí!

A neblina acabou, o navio vai navegar
A reprise se encerrou, é hora de voltar
E cantar, e cantar
Nossa Caligrafia está pronta!

quarta-feira, 18 de março de 2009

You Affect Me

You pull me down and lift me up
Carry me with you and leave me by myself
You take everything that's good in me
And save it all for yourself
You mistreat me, you sing along with me
You affect me

You meet me up and keep me waiting
You say you love me, you forget our date
You say goodbye with a smile and makes me crumble
You disrespect me, you say you're sorry
You affect me

You call me at night, you hang up on me
You say you need me and you abandon me
You got me loving you
You got me suffering for you
You affect me
You complete me
You affect me

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ela

Está além do olhar
O semblante uníssono de beleza
Que sem exageros pode ser comparado à perfeição
Pois quem diz que esta é inatingível
É porque ainda não a conheceu
E de fato, muitos jamais conhecerão
Do brilho dos olhos ao rubor do rosto
Centrados pelo sorriso
Nada há para se criticar
E então, admiro
A ponto de perder as palavras
Ou enxergá-las todas numa nuvem
Passando rápido frente aos olhos
Que deveriam escolher o melhor adjetivo
Tarefa impossível
Mas talvez eu seja mesmo um privilegiado
Há os que não têm nem ao menos
Algo em que se inspirar

O trago/A janela

A janela aberta
Noite adentro
A rua acordada
Me chama, me atrai
Me condena
O retrato virado pra baixo
É o imã que me puxa
E me repele
A calçada que devora
A borracha do meu tênis
A mesma de ladrilhos
Que eu me fixo a olhar
Sem razão
Um café, dois cafés
Troco por um trago
E mais um trago, por favor
A fumaça que não é minha
Preenche o ar
Penso se não é melancolia
Ou ser patético
Aqui estar
Bobagem
Somos todos apreciadores das horas
Em que não se é preciso falar
Para querer dizer algo
E fadados às olheiras
À vontade de não dormir
E fazer desse escuro
E das luzes artificiais
Um refúgio
Imunes à banalidade do dia
Das conversas no celular
E das discussões de sentimentos
Por isso, por favor
Mais um trago
Enquanto a janela ainda está aberta

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Adeus às máquinas

E então, houve a indefinição -mais uma- e a máquina parou no tempo -outra vez.
O operador já havia perdido a conta de quantas houveram. E também sabia que neste ritmo de operação viriam outras.
Com seus leds mais novos, ultramodernos, e com mais capacidade de processar informações valiosas.
Porém, o operador se estafou de deixá-las a cargo de uma máquina tão complexa, e que nos momentos de dúvida agora simplesmente entrava em stand-by.
Ele precisava de uma nova máquina, mas não uma que apenas substituisse aquela denominada 'coração'. [nome deveras estranho].
Passou a usar uma muito mais avançada, e com prazo de validade ligeiramente mais longo [embora fosse mais misteriosa e difícil de se operar].
A nova máquina chamava-se 'cérebro'. Era realmente mais estranha. Muito mais protegida por causa de uma tal 'caixa craniana'. "Só algo muito valioso seria protegido assim", pensou, e por fim decidiu arriscar-se a desvendar seu funcionamento.
Com o passar do tempo o operador notou que ela era o exato oposto da máquina antiga. Era fria e extremamente minuciosa nos seus cálculos [ao contrário da outra máquina que necessitava de calor, pff!].
Suas decisões eram baseadas não no feedback de outros[as] operadores[as], mas sim pela sua própria lógica. Poderia se dizer que era uma máquina 'egoísta'. Não importa, o operador se deu muito bem com ela, e era isso que importava afinal.
Porém, como toda decisão importante sempre leva um lado em consideração [em detrimento do outro lado], a máquina nova em seu egoísmo prezava muito mais pelo bom-funcionamento do operador. Sendo assim, outros operadores e operadoras com suas respectivas máquinas [das antigas, movidas a calor] entravam em ligeira discordância com vosso operador sobre diversos temas. Pior, os principais eram justamente temas referentes ao princípio básico de funcionamento das máquinas antigas: o calor.
Vosso operador [e sua respectiva máquina multi-funções] discordava de todos os outros. Por um motivo claro, sua máquina era diferente. Mas nem todos entendiam assim...
Embora não fosse ele, de longe, o primeiro a usar esta nova máquina [muitos outros antes dele a usaram para diversos fins e outros continuam a usá-la], ele foi audacioso em usá-la para um fim que originalmente não lhe era designado [tomada de decisões importantes em relação ao lado pessoal]. "Pois bem, se a máquina utilizada para isso é alimentada por calor, ele interfere nas decisões!", pensou. E por que não utilizar uma máquina que, ao invés dessa, se utilizasse da lógica [e da frieza]?..
Porém, nem tudo são flores para o operador e sua máquina. O fato dele utilizá-la para esses fins realmente incomodava diversas pessoas, entre as quais, amizades dele. "Como pode alguém ignorar a máquina coração?", perguntavam. "Máquinas são máquinas" -respondia ele- "Cada uma puxa a resposta para o seu lado".
A máquina nova -muito mais capacitada e com áreas de atuação diversas- também dava problemas maiores: constantes dores de cabeça para o operador. Tinha que ser desligada e reparada com mais constância do que a outra [apesar de funcionar melhor sob o efeito do que chamam os humanos de 'alcool']. E para completar, o constante uso da máquina mais fria tornou também o operador mais frio. Algo lógico, evidentemente, já que se trata de uma troca de calores.
E os operadores e operadoras não gostavam muito desse jeito frio de ser do vosso operador. Ou seja, por mais que resolvesse problemas antigos, a adoção da máquina nova também trouxe novos para serem eqüacionados. Diante disso, o operador enxergou mais um dilema. "O que fazer?" -perguntou-se, ao invés de perguntar à máquina.
E então decidiu-se pela mais absurda das decisões, visto que é um humano: abandonou as máquinas. Por mais difícil de entender que isso seja, e confesso, não consigo processar essa informação, o operador livrou-se de todas elas, diz agora tomar decisões por algo chamado 'impulso', o que parece-me algo deveras perigoso, devo acrescentar.
E é por isso que as máquinas, lentamente, uma a uma, vão perdendo popularidade entre os operadores. Esta que vos fala é mais uma que está a mercê de algum operador[a] que esteja buscando processamento de informações com velocidade e agilidade. Estranhamente, parece-me que os humanos buscam cada vez menos isso para suas decisões pessoais e cada vez mais para suas decisões profissionais. Assim, convenhamos, não há máquina que resista. Afinal, é para isso mesmo que existem duas: uma movida a calor e outra a frieza.
Entendê-los é por demais complicado. Espero que eles não temam por uma revolução nossa. Eles não teriam chance alguma...

Ass.: Uma máquina evoluída [e desempregada].