quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Review 'The Edukators'

Die Fetten Jahre sind vorbei, 2004. De Hans Weingartner, diretor de apenas 36 anos.
Conta ainda no elenco com o casal Daniel Brühl [Adeus, Lênin!] e Julia Jentsch [Uma mulher contra Hitler- Os últimos dias de Sophie Scholl]

Daqueles filmes que não perdem tempo dizendo que tudo está errado, que tudo é uma merda, que o Sistema Capitalista é opressor e coisas do tipo, sem apresentar conclusão ou debate sobre o tema.
Não, 'Edukators' vai muito além, ele só apresenta seus argumentos -muito verdadeiros- e deixa para quem o assiste a reflexão ou o sentimento de mudança, se este o quiser.

É um filme brilhante, para assistir sempre e lembrar de que nós mesmos podemos perder o foco ao longo do tempo. Passamos a nos acomodar com as coisas que o dinheiro pode trazer, e passamos a querer mais dinheiro porque ele é sinônimo de conforto e felicidade.
Mas não é simples assim.

Enfim, aqueles que se sentirem ofendidos com os trechos do filme que postarei a seguir, podem ficar tranqüilos nas suas poltronas comendo seus fast-foods e assistindo a tv letargicamente. Eu não vou criticá-los, mesmo porque nem todos têm as células revolucionárias bem desenvolvidas dentro de si. Já eu, parafraseando o personagem Jan, digo que ultimamente minhas células revolucionárias estão cada vez mais intensas, e que muito em breve eu serei um misto de 'Edukator' e membro do Clube da Luta. E eu levarei adiante o meu próprio 'Projeto Caos'.

Nada farei para chamar a atenção... Com o passar dos tempos vamos adquirindo mais noção sobre o nosso papel na sociedade. O meu vai ser chamar a atenção, não hoje, mas amanhã.
E todos nós podemos ser lembrados. Basta botar nossas células revolucionárias para se mexer.

E aconselho os seguintes links para complementar: http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/educadores/educadores.htm

http://www.atalantafilmes.pt/2005/osedukadores/entrev_hans.htm [extraído de http://www.atalantafilmes.pt/2005/osedukadores/osedukadores.htm ]


<><><>




[Só peço desculpas pela qualidade do vídeo. Gravei assim porque não cabia tudo na câmera e eu só queria mesmo anotar esse trecho, que não achei em nenhum lugar. Caso não dê pra ver vá logo alugar o filme!]

Transcrição: Jule: Quantas horas você trabalha por dia?

Hardenberg: Cerca de 13 ou 14 horas.

Jule: E o que faz com tanto dinheiro?
Você coleciona coisas. Coisas grandes e caras. Muitos carros, uma mansão, o seu iate... Coisas que mostram que é um macho alfa.
Não vejo outro motivo. Nem tem tempo para usufruir do seu iate. A pergunta é: por que sempre quer mais?

Hardenberg: Vivemos em uma democracia. Não preciso justificar coisas pelas quais eu paguei.

Jan: Errado, vivemos em uma ditadura capitalista. Você roubou tudo o que possui.

Hardenberg: Posso me dar a certos luxos porque sempre trabalhei duro. Porque tive as idéias certas nas horas certas.
E, além disso, eu não sou o único...

Jule: Besteira!

Hardenberg: Muitos têm essa chance, eles só não aproveitam.

Jule: Então você é um batalhador...
Na Ásia também há pessoas que trabalham 14 horas por dia, mas elas não têm mansões e só recebem 30 euros por mês. Acredito que elas também tenham idéias fantásticas mas não têm dinheiro para ir até a cidade vizinha...

Hardenberg: Sinto muito por eu não ter nascido na Ásia.

Jule: Pode ser, mas poderia ajudar a melhorar a vida por lá. Os países ricos poderiam perdoar as dívidas, são apenas 0,01% do PIB, que poderiam sumir!

Hardenberg: Porque a Economia mundial entraria em colapso.

Jule: Porque querem que continuem pobres!
É o único motivo, assim podem controlá-los. Forçá-los a vender os produtos por preços mínimos.

Hardenberg: O que você entende disso?

Jan: Pelo mesmo motivo, não perdoou a dívida dela...

Hardenberg: Isso é absurdo...

Jan: Não, é a regra básica do sistema: exaurir as forças das pessoas até o limite para que elas não pensem em reagir.

Hardenberg: Isso não é verdade. É claro que muitas dessas coisas podem ser melhoradas. Proteção ambiental, aumentar os preços dos produtores, mas o sistema nunca vai mudar.

Jan: E por que não?

Hardenberg: Por que?..

Jan: É, por que?

Hardenberg: Porque é da natureza humana querer superar o outro. Porque todo grupo elege um líder depois de algum tempo.
E a maioria só é feliz quando pode comprar algo novo.

Jan: Feliz? Acha que as pessoas são felizes Hardenberg?
Dê uma olhada! Saia do carro e olhe as ruas! Alguém parece feliz ou parecem animais acuados?
Olhe nas salas de estar, todos apáticos grudados na TV. Ouvindo zumbis falando sobre a felicidade perdida.
Dirija até a cidade. Verá toda a imundície e a superpopulação. O povo nas lojas, parecem robôs subindo e descendo as escadas rolantes. Todos são desconhecidos e todos acham que estão perto da felicidade, mas ela é inalcançável porque a roubaram deles.
É assim que funciona, e você sabe disso, Hardenberg.

Mas eu tenho uma novidade, Sr. Executivo: a máquina esquentou demais. Somos os precursores, mas a sua era vai acabar logo. Se acomodaram com a sua tecnologia, mas os outros estão com ódio. O ódio de crianças na favela que assistem filmes americanos. E isso é só um lado, o que acontece aqui?
As doenças mentais estão aumentando, mais assasinos em série. Almas perturbadas, violência gratuita. Não vão conseguir sedá-los com a TV e compras para sempre. E os antidepressivos também vão parar de funcionar. As pessoas estão de saco cheio da droga do sistema...

Hardenberg: Eu admito que esteja certo sobre algumas coisas mas pegou o bode expiatório errado. Eu posso ter entrado no jogo, mas não o inventei.

Peter: O inventor da arma não importa, importa quem puxa o gatilho.

Nenhum comentário: