quarta-feira, 14 de março de 2012

Lápis de cor

As vezes esquecemos, lá na gaveta, um lápis solitário. Geralmente o cinza. Tão injustiçado quanto os outros.

Largamos cada cor em um canto. Separadas em gavetas. Avulsos e perdidos.

Cada um com sua importância, isolado dos outros. E tentamos, em vão, desenhar. E reclamamos do resultado.

- Falta cor, falta sentimento! Mas onde estão as outras cores?

- Pra quê misturar azul e amarelo? É mais fácil usar logo o verde!

E cortamos também uma dose de boa vontade. Pela raiz.

Mas é quando os desenhos só apresentam tons de cinza que aparece o lápis mágico.

- Por quê mágico? Esse lápis não funciona! É ilusão sua!

E eles realmente olham uma folha em branco.

E o lápis mágico desenha todas as cores que faltam, e vão além do papel.
Mas para alguns ele continua em branco.

E se recusam a tentar enxergar o que ele desenhou.
Argumentam que você está vendo coisas.

E, por ingenuidade, vez ou outra descartamos um lápis mágico.
Que insiste aparecer novamente, em outra oportunidade.

E nos perguntamos "Aonde esse lápis esteve? Não lembro de tê-lo guardado!"

De fato, ele não foi feito pra ficar preso na gaveta. E só sentimos falta quando o cinza volta a predominar.

O injustiçado cinza. Culpado pelo céu escuro.
Sozinho, até o azul do céu é intimidante.

Então percebemos que não é preciso um lápis mágico pra trazer harmonia. Ele apenas não nos deixa esquecer disso.

É mesmo bem trabalhoso usar todos lápis ao mesmo tempo. Exige atenção aos detalhes.
Mas só quem faz uso da palheta aprende a ser lápis mágico, um dia.

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