quinta-feira, 31 de maio de 2007

Vida [Su]real - Take 1

Era um dia cinzento. Ao menos lá fora. Um dia importante que não podia ser postergado, uma data que não poderia ser trocada. Do lado de fora alguns amigos, aqui dentro também. O trânsito duraria quase um dia inteiro.
Essas poucas cinco ou seis pessoas compartilharam da nossa alegria durante o dia inteiro. Também cansados, talvez até mais que nós mesmos, pois afinal, tínhamos o nosso próprio deleite como forma de recarregar as energias. O ato de transportar coisas escada abaixo, elevador e rua certamente fora trabalhoso, mas o resultado aqui dentro era ótimo. Um lar...
Como aquele que eu idealizara para mim mesmo, ambientes brancos e espaçosos, bastante madeira, vidros, luz e... Havia um elemento que completava todos os outros. Você.
Deixei aos amigos a promessa de, no dia seguinte, reunir todos para 'estrear' o ambiente. Porque, naquela noite, eu só queria a tua presença, o silêncio, depois alguma música, e nada mais além disso.
Alguns retoques finais, arrasta um vaso aqui, puxa um tapete ali, e eu finalmente iria para o chuveiro. Lá fora o céu cinzento ganhava um tom mais escuro, anunciando que a noite logo cairia, e fria. Saindo do meu banho, estava lá você, observando, numa mistura de curtição do ambiente com o olhar de quem avalia para ver se nada falta ali.
Eu, já devidamente agasalhado, olhava os cantos para ver se de fato faltava algo. Chegando até você, um beijo no rosto e lhe perguntei se queria que eu trouxesse algo além dos pães [felizmente, nada de leite...] Dada a resposta, eu saí.
As esquinas pareciam mais vivas. As pessoas não. Percebi que o mundo não mudara a partir daquele momento, mas que daquele momento em diante eu mudara para o mundo. A vontade de ficar pelas ruas, por ora, era facilmente superada pela vontade de voltar para aquele pedaço de chão no ar, no qual alguém me esperava. E, para quem sempre idealizara esse mesmo tipo de espaço, mas sem alguém o esperando, esse era um dos tantos sentimentos novos que passara nos últimos meses. Ah, os últimos meses... Parecia vários anos, e ainda, tínhamos muito pela frente...
Pois me apressei em chegar. O seu café já estava pronto me esperando. A janela da varanda ainda aberta, pois observar a vida passando lá longe também lhe agradava. Larguei a caneca verde de lado, encostado no vidro, de frente para a saleta. O resto ficou para você completar. Ainda usando o top branco e a calça cinza escura, me abraçou como quem está prestes a repousar, e assim ficamos sabe-se lá quantos tiques do relógio. A última lembrança seria das minhas mãos também repousando em seus cabelos...

Era apenas um sonho..............................

Um comentário:

uma pessoa aleatória disse...

esse é teu sonho ?

tu escreve de um jeito gostoso de ler.

adorei as novas cores do blog 8)