As vezes esquecemos, lá na gaveta, um lápis solitário. Geralmente o cinza. Tão injustiçado quanto os outros.
Largamos cada cor em um canto. Separadas em gavetas. Avulsos e perdidos.
Cada um com sua importância, isolado dos outros. E tentamos, em vão, desenhar. E reclamamos do resultado.
- Falta cor, falta sentimento! Mas onde estão as outras cores?
- Pra quê misturar azul e amarelo? É mais fácil usar logo o verde!
E cortamos também uma dose de boa vontade. Pela raiz.
Mas é quando os desenhos só apresentam tons de cinza que aparece o lápis mágico.
- Por quê mágico? Esse lápis não funciona! É ilusão sua!
E eles realmente olham uma folha em branco.
E o lápis mágico desenha todas as cores que faltam, e vão além do papel.
Mas para alguns ele continua em branco.
E se recusam a tentar enxergar o que ele desenhou.
Argumentam que você está vendo coisas.
E, por ingenuidade, vez ou outra descartamos um lápis mágico.
Que insiste aparecer novamente, em outra oportunidade.
E nos perguntamos "Aonde esse lápis esteve? Não lembro de tê-lo guardado!"
De fato, ele não foi feito pra ficar preso na gaveta. E só sentimos falta quando o cinza volta a predominar.
O injustiçado cinza. Culpado pelo céu escuro.
Sozinho, até o azul do céu é intimidante.
Então percebemos que não é preciso um lápis mágico pra trazer harmonia. Ele apenas não nos deixa esquecer disso.
É mesmo bem trabalhoso usar todos lápis ao mesmo tempo. Exige atenção aos detalhes.
Mas só quem faz uso da palheta aprende a ser lápis mágico, um dia.
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