A janela aberta
Noite adentro
A rua acordada
Me chama, me atrai
Me condena
O retrato virado pra baixo
É o imã que me puxa
E me repele
A calçada que devora
A borracha do meu tênis
A mesma de ladrilhos
Que eu me fixo a olhar
Sem razão
Um café, dois cafés
Troco por um trago
E mais um trago, por favor
A fumaça que não é minha
Preenche o ar
Penso se não é melancolia
Ou ser patético
Aqui estar
Bobagem
Somos todos apreciadores das horas
Em que não se é preciso falar
Para querer dizer algo
E fadados às olheiras
À vontade de não dormir
E fazer desse escuro
E das luzes artificiais
Um refúgio
Imunes à banalidade do dia
Das conversas no celular
E das discussões de sentimentos
Por isso, por favor
Mais um trago
Enquanto a janela ainda está aberta
Mostrando postagens com marcador a noite. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador a noite. Mostrar todas as postagens
quinta-feira, 5 de março de 2009
O trago/A janela
Marcadores:
a noite,
Café,
Cidade Grande,
Conclusões,
Cotidiano,
Divagações,
Fantasmas,
ilusão de felicidade,
madrugada,
notívagos,
Prosa,
vida torpe
domingo, 25 de maio de 2008
alvorece/alvoroço
Da noite pro dia tudo muda
Ao pôr do sol a luz se esvai
Entra em seu lugar o que é artificial
Mero contraste com as pessoas
Mais felizes e verdadeiras, as que dela gostam
Ou cansadas -porém honestas- as que gostam do dia
A noite pertence às sombras
O dia aos reflexos
Sombras ou silhuetas nas ruas
As mal-iluminadas ou as que, mesmo com a luz
Se tornam assim porque o que é artificial
Se dispersa, é da sua natureza
Os reflexos do dia espalhados
Nos vidros, nas vitrines, nos óculos escuros
Barreira segura para os que gostam de olhar
Ou até analisar friamente a outros
Olhos que espiam ou as pernas que desfilam
Mas da noite pro dia tudo muda
Os postes e faróis criam o ambiente perfeito
Nos fazem observar outros detalhes
E quando é novamente dia
As percepções estão trocadas
E o que era luz não necessariamente é mais
À noite pertencem os reflexos
E o dia revela as sombras
Reflexos turvos provocados pela garoa noturna
A beleza desfila com mais provocação
Pouco importa que demore a se chegar a algum lugar
Se há boa companhia tudo é muito mais belo
E ao dia restam as sombras das ruas
Pernas apressadas no sol do meio-dia
Óculos presos aos cabelos
Sombras impressas por todo lugar
A vida que não pára
E continua a se transformar
A beleza está em tudo a toda hora
O segredo é saber aonde olhar
Ao pôr do sol a luz se esvai
Entra em seu lugar o que é artificial
Mero contraste com as pessoas
Mais felizes e verdadeiras, as que dela gostam
Ou cansadas -porém honestas- as que gostam do dia
A noite pertence às sombras
O dia aos reflexos
Sombras ou silhuetas nas ruas
As mal-iluminadas ou as que, mesmo com a luz
Se tornam assim porque o que é artificial
Se dispersa, é da sua natureza
Os reflexos do dia espalhados
Nos vidros, nas vitrines, nos óculos escuros
Barreira segura para os que gostam de olhar
Ou até analisar friamente a outros
Olhos que espiam ou as pernas que desfilam
Mas da noite pro dia tudo muda
Os postes e faróis criam o ambiente perfeito
Nos fazem observar outros detalhes
E quando é novamente dia
As percepções estão trocadas
E o que era luz não necessariamente é mais
À noite pertencem os reflexos
E o dia revela as sombras
Reflexos turvos provocados pela garoa noturna
A beleza desfila com mais provocação
Pouco importa que demore a se chegar a algum lugar
Se há boa companhia tudo é muito mais belo
E ao dia restam as sombras das ruas
Pernas apressadas no sol do meio-dia
Óculos presos aos cabelos
Sombras impressas por todo lugar
A vida que não pára
E continua a se transformar
A beleza está em tudo a toda hora
O segredo é saber aonde olhar
Marcadores:
a noite,
Cidade Grande,
madrugada,
manhã,
Prosa
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
A madrugada é meu elemento
Hora de silêncio. Enqüanto [quase] todos descansam, só o ruído do computador ligado e das teclas batidas com afinco e calma, ao mesmo tempo.
Na rua o silêncio. A lua se o céu é claro, e se está nublado, não é de todo mal. Nos prédios quase nenhuma luz acesa, e as que persistem certamente pertencem a outros notívagos. Pessoas à parte do normal, transformam a noite em dia e dela aproveitam o máximo, ao custo de algumas horas de sono.
Um mundo paralelo que apenas se desenvolve enquanto a penumbra cobre as ruas. Os que em casa trabalham ou se divertem, os que do lado de fora preferem andar a pé, de preferência acompanhados de boas conversas e bebidas. Apenas o barulho profano de alguns carros e ônibus que insistem em dizer que a madrugada também tem vida.
A vida... Incrivelmente efervescente, abafada pelos clubes fechados de música absurdamente alta ou barzinhos de música ao vivo com pessoas que vivem da e para a madrugada;
Ou então reprimida pelos apelos dos que tentam dormir e se incomodam com o som dos passos e risadas daqueles que passeam pelas ruas. Aqueles que amam ainda mais a madrugada por ser transgressora, comportamental e moralmente horário de dormir, apenas.
Ser dela um amante não é tarefa fácil, e é recomendável aprender desde cedo, o que reforça seu caráter 'transgressor', pois jovens andando pela madrugada, numa mistura comumente de drogas e álcool geralmente não resulta em boas conseqüências. Mas há os que, felizmente, não se deixam levar pelo seu breu acobertante. Aprendem a aproveitá-la, horas escassas que fazem falta no dia seguinte.
É a hora de libertação. Os escravos do horário comercial podem relaxar, beber alguma coisa [a quantidade ou o teor alcóolico depende de cada um], falar palavrões com amigos [não em caráter desrespeitoso, apenas extravasando], andar sem rumo definido, mas principalmente, conversar: é quando cada um pode falar o que quiser, assunto importante ou não, sem se sentir vigiado, avaliado, julgado.
Os que vivem da/para a noite geralmente já estão acostumados com tais acontecimentos, sabem o que esperar de uma noitada e principalmente sabem do que falar. É como uma sociedade, com todas as suas camadas, inteligente e próspera. Os que têm o discernimento de avaliar detalhe por detalhe dos assuntos mais difíceis ou aqueles que não tem tal cultura, mas entendem na pele tudo o que se discute. É uma população aberta ao diálogo, algo que se perde nas horas loucas do dia ensolarado, quando todos querem e são obrigados a se comunicar rápido, a trabalhar rápido, a ser sempre mais rápido que o colega ao lado, depreciando assim as relações pessoais. Os escravos do horário comercial não se conhecem, e a madrugada, ao contrário, proporciona exatamente isso.
Resta aos amantes da madrugada uma vida paralela à normal. Por causa das horas perdidas de sono, geralmente são amantes do café e das bebidas estimulantes, além do álcool. São comumente associados a pessoas que vivem fora da lei [pelo menos a lei que consta no papel], estão acostumados a batidas policiais e chamados de 'apelidos' nada animadores, as vezes visto como vagabundos que nada melhor têm a fazer. Muito pelo contrário, olhando de perto, nesse horário encontraremos algumas das pessoas e idéias mais facinantes, um mundo [pelo menos imaginário] mais próspero e possível de funcionar do que o iluminado pelo sol e regido pelo dinheiro.
Ahh sim, o dinheiro. Necessário dia e noite, como não poderia deixar de ser. Bancos 24 horas que não funcionam depois da meia noite, luminosos alucinantes piscando pela cidade, convidando os passantes noite adentro [felizmente não há mais luminosos e propaganda na cidade de São Paulo]. Necessário, sim, mas não fundamental. Com qualquer 5 ou 10 reais, juntando moedas entre amigos e guardando apenas o necessário para voltar pra casa, pode-se divertir e encontrar por aí inspiração para conter os bocejos até o dia amanhecer, seja qual for o gosto de cada um.
O único pesar dessa vida é que a outra vida, a que costumam chamar de 'importante', é opressora e não vê com bons olhos aqueles que apreciam a noite. Uma pena, pois essa vitalidade e essas idéias que surgem na madrugada, único horário livre que os escravos podem se dedicar ao que realmente lhes interessa, que movem a sociedade-diurna-capitalista-selvagem;
Tudo o que estes notívagos gostariam, e este singelo narrador endossa, é uma sociedade que não ficasse presa ao relógio e ao céu, escuro ou claro, e sim vivesse desse céu. Parasse por alguns minutos para pensar que nós vivemos do mundo, e não o mundo vive de nós. Nós passaremos, mas o que vamos deixar?..
T. 14/09/2007
Marcadores:
a noite,
madrugada,
notívagos,
Verborragia
Assinar:
Postagens (Atom)