Ele voltou da praia, e para sua surpresa, ela mesma foi quem tomou a iniciativa de procurá-lo. E terminarem por ali. Ela deu a desculpa de que a faculdade estava difícil e teria que se concentrar nos estudos, e ele não se esforçou para pensar se seria verdade ou não. Respirariam ambos.
E nos dias e semanas seguintes foram, lentamente, buscando coisas um do outro em seus apartamentos. E para ambos, a impressão de que quando algo assim acaba tudo se torna insignificante a ponto de trazer lembranças tolas. E são essas as que mais machucam por sua falta.
Mais alguns dias, semanas, meses se passam. Ele sentia um vazio que o tornava um robô. Ela, pelo que ele soube de algum amigo em comum, estava namorando. Ficou contente. Ainda achava que era o que ela merecia, se julgava jamais poder se confiar a alguém de novo. Mas quando esses pensamentos solitários batiam, lembrava do dia no cemitério, e do céu cinza, e pensava consigo mesmo que precisaria, de qualquer jeito, encontrar algo que lhe fizesse sorrir. Não sorrir o tempo todo como a fase juvenil lhe proporcionava, mas algo que lhe desse prazer além do período em que estava com a câmera na mão, captando não só momentos, como sentimentos do que via. Precisava se sentir vivo, e foi se aventurar a clicar esportes radicais. Nesse meio tempo continuava os trabalhos casuais, e foi na cobertura de uma festa [o que ele mais detestava] que encontrou alguns amigos da época do cursinho.
Houve alguns abraços. Perguntas de um lado e de outro, quando a resposta “Na verdade to trabalhando aqui hoje” surpreendeu a todos. Não poderiam reeditar as conversas e baladas de anos atrás. Mas trocaram telefones. Nem ao menos chegaram a perguntar a ele sobre a antiga namorada. E nem poderiam, não caberia para o momento, um ano e pouco depois.
Fato é que ele, procurando ser o oposto do que vinha sendo, ligou para o amigo, num sábado pela manhã. Acordou-o e se desculpou, ouvindo do outro como fora a noite anterior, e como ele fez falta no recinto. “Eu fiz falta? Explica isso!”, perguntou, quando ouviu do outro a resposta: a amiga da sua acompanhante estava sozinha, havia levado um fora do ficante e só soube disso ao notar que ele não iria aparecer... E quem salvou a noite foi o amigo de cursinho, falando dele, um fotógrafo, cara simpático, meio fechadão, mas boa pinta. A garota, ainda num leve desânimo, concordou... Se o próprio não achasse aquilo patético demais...
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Desmemórias- capítulo antepenúltimo
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